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da verdadeira lei da eternidade. Em doce meditação, Suddhodana bebeu orvalho.

À noite, lembrando de seu filho com orgulho, olhou para as estrelas infinitas

e de súbito percebeu: “Como fico alegre por estar vivo para reverenciar esse

universo estrelado!”, e então: “Mas não se trata de estar vivo, e o universo estrelado

não é necessariamente o universo estrelado”, e ele entendeu a completa estranheza

e contudo a trivialidade da sabedoria insuperável de Buda.

Acompanhado de Maudgalyayana, o Abençoado visitou no palácio a mulher

que havia sido sua esposa, a princesa Yasodhara, com o propósito de levar seu

filho Rahula para a estrada com ele. A princesa Yasodhara argumentou em favor

da herança do garoto, que agora tinha dezenove anos. “Vou dar a ele uma herança

mais importante”, disse Buda, e solicitou a Maudgalyayana para raspar a

cabeça do filho e admiti-lo na irmandade da Sangha.

Depois disso partiram de Kapilavistu. Nos jardins de prazer encontraram

um grupo de príncipes Sakyas, todos primos de Gautama, entre eles seus primos

Ananda e Devadatta, que se tornariam, respectivamente, seu maior amigo e seu

maior inimigo. Alguns anos depois, quando o Abençoado indagou a Ananda o

que havia lhe impressionado no modo de vida de Buda e o que mais o influenciara

a abandonar todos os prazeres mundanos e permitido que extirpasse os

anseios sexuais da juventude, de modo a perceber a verdadeira essência da

mente e seu resplendor autopurificante, Ananda respondeu alegremente: “Oh,

meu Senhor! A primeira coisa que me impressionou foram as 32 marcas de excelência

na personalidade de meu Senhor. Elas me apareceram muito bem,

suaves e brilhantes, e transparentes como um cristal.” Esse jovem afetuoso

aproximou-se de Maudgalyayana no brilhantismo do aprendizado, mas a combinação

de amor quase apaixonado pelo mestre e agudeza erudita superior

impediram-no de atingir os estados de bem-aventurança da mentalidade imparcial

experienciados por bhikshus menos importantes, alguns deles velhos vagabundos

incultos como Sunita, o varredor de rua; Alavaka, o canibal (ele havia

de fato sido canibal em Atavi antes da iluminação); ou Ugrasena, o acrobata.

Ananda ficou conhecido como o Sombra, sempre seguindo as pegadas do

Abençoado, mesmo quando ele acelerava, passo a passo e logo atrás, virando

onde ele virava, sentando-se quando ele sentava. Depois de um tempo, tornouse

hábito de Ananda servir seu Mestre, arrumando-lhe um local para sentar ou

indo na frente para fazer os preparativos nas cidades, proporcionando-lhe

pequenas gentilezas quando necessário, um companheiro constante e atendente

pessoal, que o Abençoado aceitou sem dizer nada.

Em grave contraste ficou o outro primo, Devadatta. Invejoso e tolo, juntouse

à ordem na esperança de aprender as graças do samapatti transcendental que

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