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“Ananda, na realidade é simplesmente tão tolo dizer que não existe corpo

nem chão quanto dizer que existe um corpo e um chão: pois tudo é vazio e uma

visão em todos os aspectos. Esse é o seu sol.”

Essas palavras misteriosas amedrontaram os discípulos, que queriam uma

explicação simples; com isso Buda, sempre obedecendo à sinceridade intrínseca

universal na essência do coração deste mundo ignorante, cedeu aos fervorosos

desejos deles.

“Meus bons e fiéis discípulos, em resposta ao pedido de Ananda sobre como

pode ele compreender plenamente que a natureza da percepção de sua mente,

que é constante e profundamente serena diante de fenômenos aparentes, é sua

natureza verdadeira e essencial, pedirei a ele que vá ao limite extremo da visão

comigo, ou seja, abandonarei minha visão de Tathagata que alcança livremente

qualquer lugar através de todas as terras puras de Buda, maiores em número do

que as diminutas partículas de poeira, e irei com Ananda aos palácios do sol e da

lua – você vê qualquer coisa ali que pertença à nossa natureza verdadeira e essencial?

Chegando mais perto das sete montanhas douradas que cercam o

Monte Sumeru, olhe com cuidado, o que você vê? Vemos todos os tipos de luminosidade

e magnificência, mas nada que pertença à nossa natureza verdadeira

e essencial. Aproximando-nos mais, chegamos às nuvens volumosas,

pássaros que voam, ventos velozes, poeira que se eleva, montanhas, os bosques

familiares, árvores, rios, ervas, vegetais, animais, dos quais nada pertence à

nossa natureza verdadeira e essencial.

“Ananda, em relação a todas essas coisas, distantes ou próximas, conforme

percebidas pela essência pura de seus olhos que percebem, elas possuem características

diferentes, mas a percepção de nossos olhos é sempre a mesma. Isso

não significa que essa essência maravilhosa da percepção da visão, nem fixa,

nem cambiante, é a verdadeira natureza de nossas mentes?”

A seguir Ananda quis saber se, uma vez que a essência da percepção da

visão permeia naturalmente o universo inteiro, por que agora, enquanto ele e

Buda estavam no salão, sua percepção da visão era fragmentada por paredes e

casas.

“Ananda”, respondeu Buda, “não é um atributo da essência de nossa percepção

da visão que haja paredes erguidas e assim os olhos não possam ver através

de sua impenetrabilidade, ou que as paredes estejam caídas e os olhos

possam ver através do espaço aberto, ou que seja luminoso e assim os olhos possam

ver a luminosidade, ou que seja escuro e desse modo os olhos possam ver a

escuridão. Essa mutabilidade não é um atributo de nossa percepção verdadeira

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