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Ananda estava em lágrimas e pesaroso e se desculpou por seu grande ensinamento
e grande vexame também, que chamou de os dois grandes empecilhos.
Buda cerrou o punho outra vez e o ergueu ao sol radiante: “Por que meios a
luminosidade da visão deste punho se manifesta?”
Ananda: “Devido à luminosidade eu o vejo com meus olhos e minha mente
concebe essa luminosidade.”
Buda: “Sua percepção da visão depende da luminosidade?”
Anada: “Sem luminosidade eu não veria nada.”
Buda: “Em sua cegueira, um homem cego vê escuridão e nada mais. Não
existe perda de sua concepção de visão, mas sua concepção é de escuridão. Ele
simplesmente vê como qualquer homem que enxerga e é trancado em uma peça
escura. Feche seus olhos, Ananda, o que você percebe a não ser escuridão?”
Ananda admitiu que percebia a escuridão.
Buda: “Se o homem cego de repente recuperasse a visão, seria como se uma
lamparina tivesse sido levada para uma peça escura, e poderíamos dizer que o
homem vê objetos de novo por meio da lamparina. Mas a percepção da visão, a
percepção em si, não depende nem dessas duas concepções arbitrárias de luminosidade
e escuridão, nem da lamparina, nem dos olhos, porque a percepção
da visão, a percepção em si, origina-se em sua mente essencial perfeita e original.
A mente Essencial transcende e habita todos os fenômenos de causas e condições
como luminosidade, escuridão, olhos e lamparinas, e é livre deles e reage
livremente a eles quando surge a ocasião, assim como o mar transcende e habita
todas suas marolas, e contudo reage livremente a elas quando surge a ocasião de
se encapelar.
“Portanto, na verdade não é nem a concepção de luminosidade em sua
mente, nem seus olhos que percebem meu punho.”
Ananda sentou-se zonzo na esperança de uma explicação mais clara dessa
instrução pelo espírito bondoso e gentil do mestre, e aguardou com um coração
puro e expectante.
O Abençoado, com grande bondade, deixou a mão repousar gentilmente
sobre a cabeça de Ananda e disse a ele: “O motivo por que todos os seres sencientes
fracassam em atingir a iluminação até se tornar budas é terem se extraviado
em concepções falsas referentes aos fenômenos e objetos que corromperam
suas mentes. Profundamente absortos em seus sonhos, não conseguem
acordar para a realidade da vacuidade luminosa e perfeita de sua mente
essencial que está por toda parte. Eles não sabem que tudo é visto pela mente
em si.
“Concentram-se no sonho em vez de se concentrar na mente que o produz.