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homem e o açoita e espicaça com dor perfurante; a luxúria degrada um homem,
rouba-lhe toda a esperança, enquanto ao longo da noite comprida seu corpo e
alma são desgastados.
“É como o peixe que cobiça a isca no anzol.
“A ganância busca por algo para satisfazer seus anseios, mas não existe cessação
permanente da dor, pois ao cobiçar aplacar esses desejos nós apenas os
aumentamos. O tempo passa e a dor repete-se.
“Embora um homem esteja preocupado com dez mil assuntos, que proveito
há nisso, se apenas acumulamos ansiedades? Assim, ponha fim à dor aplacando
o desejo, abstenha-se de trabalho improdutivo; isso é repouso.”
Mas o rei Bimbisara não pôde deixar de comentar, assim como Kandaka
havia feito, que o príncipe dos Sakyas era muito jovem para renunciar ao
mundo.
“Você diz que enquanto jovem um homem deve ser folgazão, e quando
velho religioso, mas considero que a inconstância da idade traz consigo a perda
do poder para ser religioso, ao contrário da firmeza e do poder da juventude.”
O velho rei entendeu.
“A inconstância é o grande caçador, a idade seu arco, a doença suas flechas,
nos campos da vida e da morte ele caça as coisas vivas como se caça um cervo;
quando tem a oportunidade ele tira nossa vida; quem então esperaria pela
idade?”
E a respeito da determinação religiosa ele aconselhou o rei a se manter
longe da prática de sacrifícios. “Destruindo vida para adquirir mérito religioso,
que amor pode um homem desses possuir? Ainda que a recompensa de tais sacrifícios
fosse duradoura, mesmo assim a matança seria imprópria; quanto mais
então quando a recompensa é transitória! O sábio evita destruir vida! A recompensa
futura e o fruto prometido são governados por leis transitórias, volúveis
como o vento ou a gota soprada da relva; tais coisas, portanto, eu afasto de mim
e busco a verdadeira fuga.”
O rei percebeu que o entendimento era mais importante que a riqueza, pois
vinha antes. Ele pensou: “Possa eu manter a lei, o tempo para entendimento é
curto”. Ele tornou-se um governante iluminado e apoiou Gautama por toda a
vida.
Gautama conduziu discussões eruditas com líderes eremitas na floresta. A
Arada Udarama ele perguntou: “A respeito de velhice, doença e morte, como se
pode escapar dessas coisas?”
O eremita respondeu que logo depois de tornar-se o “eu” puro, haveria a
verdadeira liberação. Esse era o antigo ensinamento que propunha a alma