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“Mas satisfazer às necessidades da vida não é ruim. Manter o corpo com

boa saúde é um dever, pois do contrário não seremos capazes de regular a lamparina

da sabedoria e manter nossa mente firme e clara.”

E então o Onisciente expôs as boas-novas da verdade do sofrimento e da

destruição do sofrimento. Os cinco mendicantes, conduzidos pelo grande Kaundinya,

ficaram atônitos ao aprender que a felicidade só poderia vir através do reconhecimento

da dor! E ele mostrou-lhes o caminho óctuplo das ideias adequadas,

a tocha para iluminar o caminho; aspirações adequadas, o guia; fala gentil

adequada, o local de morada na estrada; comportamento adequado, e o andar só

pode ser reto em frente; meios adequados de ganhar a vida, de modo a não ferir

nenhum ser vivo ou enganar nenhuma criatura, esse é o sustento do homem

sagrado, do homem bom, do homem feliz; esforços adequados, os passos e o

progresso ao longo da trilha imemorial muitas vezes esquecida e de novo encontrada;

pensamentos adequados constantes, pensamentos atentos sobre a verdadeira

natureza da realidade, que é como um reflexo mágico em um sonho,

uma miragem (“Na realidade tudo é uma vacuidade semelhante, mas vocês não

estão livres da realidade, ó meus bhikshus!”); e meditação adequada, a clara paz

adorável que segue as pegadas assim gravadas no solo.

Essa foi a mensagem de liberação, a boa notícia, a doçura da verdade. “E

quando, dessa forma, o Abençoado pôs a girar em frente a roda da carruagem

real da verdade, um êxtase fremiu pelo universo.

“É verdade, ó Buda, nosso Senhor, tu encontraste a verdade!”, gritou Kaundinya,

discernindo subitamente com seu olho mental, e então os outros

bhikshus também se juntaram a ele e exclamaram: “É verdade, tu és Buda, tu

encontraste a verdade.”

Os cinco mendicantes ascetas receberam a ordenação e formaram o núcleo

inicial da irmandade sagrada de discípulos conhecida como Sangha (a igreja).

Milhões e milhões viriam depois deles. Buda entrou em Benares e mendigou alimento.

Como a água que conquista os vales do mundo porque se mantém rasa,

Buda foi o conquistador do mundo porque escolheu o papel mais humilde. Ao

mesmo tempo, esse era o mais precioso dos ensinamentos, o ensinamento sem

palavras, ensinando humildade e caridade aos bons chefes de família da terra,

que, vendo aquele senhor dos homens alto e imponente chegar de mansinho na

porta dos fundos com uma tigela de esmolar, aprendiam desse modo a lição pueril

e confiante com os próprios olhos.

A seguir ele foi até uma árvore nos arredores da cidade, fora da estrada movimentada,

comeu, largou a tigela, sentou-se sobre as pernas e meditou em êxtase

sagrado.

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