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caminho esquecido havia renovado o antigo voto que estivera por muito tempo

oculto no mundo como a joia no lótus, indagou: “Quem é o professor sob cuja

orientação você renunciou ao mundo?”

“Não tenho mestre”, respondeu o Iluminado, “nem tribo honorável, nem

ponto de excelência; autoinstruído na doutrina mais profunda, cheguei à

sabedoria sobre-humana.

“Por toda Benares logo soará o tambor da vida, nenhuma demora é possível

– não tenho nome, nem busco lucro ou prazer.

“Aquilo que cabe ao mundo aprender, mas no mundo inteiro nenhum

aprendiz encontrou, agora eu mesmo e por mim mesmo aprendi por completo;

aquilo corretamente chamado de sabedoria perfeita.

“A odiosa família dos desgostos a espada da sabedoria destruiu, isso pois é

o que o mundo chamou, e chamou corretamente, de ‘vitória mais importante’.”

E ele disse: “Não tenho mestre. Não existe um igual a mim. Sou o perfeito,

Buda. Atingi a paz. Obtive o nirvana. Para encontrar o reino da justeza estou

indo a Benares. Lá hei de acender a lamparina luminosa para o benefício

daqueles que estão envoltos na escuridão lúgubre da vida e da morte.”

“Você declara ser o conquistador do mundo?”, inquiriu o monge.

O Desperto respondeu: “Conquistadores do mundo são aqueles que conquistaram

o eu, só aqueles que controlam suas paixões e se abstêm do pecado

são vencedores. Conquistei o eu e superei todo o pecado. Sou, portanto, o conquistador

do mundo.

“Assim como uma lamparina brilha na escuridão sem um propósito exclusivo,

autorradiante, do mesmo modo arde a lamparina do Tathagata, sem sombra

de sentimento pessoal.”

E ele avançou para Benares.

Lá, no Parque dos Cervos de Isipatana, ficavam os cinco mendicantes ascetas

com quem ele havia passado seis anos infrutíferos na Floresta da Mortificação.

Eles o viram chegando devagar, os olhos baixos em circunspecção e

modéstia, como um arado pelo solo, como se estivesse arando e plantando a lavoura

ambrosíaca da lei enquanto andava. Eles escarneceram.

“Lá vem Gautama, que quebrou seu primeiro voto ao desistir das práticas

ascéticas e da mortificação. Não se levantem para saudá-lo, cumprimentem-no

sem cortesia, não ofereçam os agrados de costume quando ele chegar.”

Porém, quando Buda aproximou-se de maneira nobre, eles levantaram-se

de seus assentos de forma involuntária e, a despeito da resolução, saudaram-no

e se ofereceram para lavar seus pés e fazer tudo que ele solicitasse. Aquilo infundiu

reverência em seus corações. Mas dirigiram-se a ele como Gautama, seu

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