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alquimista iluminado, possuía o segredo da imortalidade e viveu seiscentos

anos. O adepto Naropa foi jogado na fogueira com sua consorte, e ambos permaneceram

ilesos em meio às chamas. A Índia era abundante em narrativas (o

pessoal moderno vai pensar em “lendas”, o que está muito bem) de sábios sagrados

que demonstraram a prevalência do amor sobre a morte.

Então há os evangelhos: as bem-aventuranças de Jesus, seus extraordinários

ensinamentos sobre a não violência, oferecer a outra face aos golpes do inimigo,

dar o manto quando sua camisa lhe é exigida, ir além de amar os amigos

e parentes e aprender a amar os inimigos, e a injunção central de amar o próximo

como a si mesmo. Esses ensinamentos são totalmente consonantes com a

ética budista de não violência, e estão de acordo de forma poderosa com a ênfase

Maaiana messiânica no altruísmo, na tolerância heroica, no amor e na compaixão.

Em termos de sabedoria, as afirmações de Jesus de que o reino de Deus

jaz dentro de cada um de nós são plenamente compatíveis com a visão budista

da natureza búdica em todos os seres, ou a famosa declaração de Nagarjuna

sobre a não dualidade, de que a realidade mais profunda é a derradeira vacuidade,

o ventre da compaixão relacional (shunyatakarunagarbham). E a poderosa

declaração de Jesus para a hierarquia sacerdotal legalista que ele enfrentou

– “Eu sou o caminho, a luz e a verdade!” – pode ser entendida não como algo

que ditasse exclusivismo religioso de uma igreja ou fé específicas e intolerância

furiosa às outras, mas sim como insistência pelo exemplo vivo, de que a

divindade e a salvação de cada pessoa residem dentro dela mesma como indivíduo,

e não na associação a alguma denominação ou instituição.

Os feitos de São Tomé na região de Kerala, na Índia, são muito semelhantes

àqueles de qualquer monge e pregador budista itinerante. A edição dos Evangelhos

pelo Conselho de Niceia, em especial a excisão do Evangelho de São Tomé,

entre outros; o banimento da doutrina budista ou indiana da transmigração das

almas, que foi defendida até mesmo pelo semimartirizado Origen; e a transformação

do cristianismo em uma ferramenta do Estado romano por Constantino

– tudo isso obscurece a conexão Cristo-Buda; não obstante, ela foi percebida

por Mani e outros daquela época. O professor Thomas McEvilley menciona

“escritores cristãos antigos dos séculos III e IV, como Hipólito e Epifânio”,

que escreveram sobre um homem chamado Scythianus, que levou da Índia para

Alexandria “a doutrina dos Dois Princípios”, por volta do ano 50. De acordo com

eles, Terebinthus, pupilo de Scythianus, apresentava-se como um “buda” e foi

para a Palestina e para a Judeia, onde se encontrou com os apóstolos, que aparentemente

o condenaram. Ele então instalou-se na Babilônia, onde transmitiu

seus ensinamentos para Mani, que fundou o que se poderia chamar de budismo-

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