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Ouvindo essas palavras, o rei Prasenajit voltou para casa e se reconciliou

com a rainha. Ficou sossegado e alegre. Aprendeu que a falta de fé é o mar engolfante

da ignorância, a presença da crença desregrada é a torrente agitada da

luxúria; mas a sabedoria é o barco à mão, a reflexão é o gancho pelo qual se conquista

acesso à outra margem e se encontra segurança eterna. Mas o rei

Prasenajit ainda não estava iluminado nem acreditava por completo em Buda, e

em sua alegria e entusiasmo religioso ordenou então ritos de sacrifício a fim de

obter méritos além do mérito do sermão.

O Abençoado estava em Sravasti, no Bosque de Jeta do parque de Anathapindika.

Vários monges, tendo levantado cedo e se vestido e pego a tigela e o

manto, entraram em Sravasti em busca de esmolas. Ao voltar, foram à presença

de Buda e contaram a ela sobre os preparativos para um grande sacrifício organizado

pelo rei Prasenajit. Quinhentos touros, quinhentos novilhos e outras

tantas novilhas, cabras e carneiros de chifres curvos eram conduzidos ao altar

para serem sacrificados, atrás do qual escravos e criados e artesãos, intimidados

por pancadas ou medo, faziam os preparativos com o rosto em prantos. Ao ouvir

falar dessa matança maligna, o Exaltado entendeu como nunca que os homens

estavam para sempre desonrados e envilecidos, e não só por causa da

ignorância.

“Abater a pobre besta gentil como um cordeiro que enche seu tarro de leite,

para dela comer a carne sofrida, é perverso e é pecado; tola a mão que segura a

faca na vacuidade geral, fadada a assombrar o carrasco até seus sucessivos

túmulos; mas, ó meus bhikshus, irmãos, quanto mais mal, mais pecado ainda,

abater o touro gentil e outras bestas, infelizes os olhos delas, e encharcá-las em

um sacrifício embriagado no banho de sangue do cutelo a fim de obter o próprio

renascimento outra vez em paraísos de eu e dor.

“O que quer que um homem sacrifique neste mundo como oferenda ou

como obrigação por um ano inteiro a fim de obter mérito, seu conjunto não vale

um quarto de um centavo.

“Todas as criaturas tremem ante a punição, todas as criaturas amam a vida;

lembrai-vos que sois iguais a elas, e não matais nem causais matança.

“Aquele que, buscando sua própria felicidade, pune ou mata criaturas que

também anseiam por felicidade não encontrará felicidade após a morte.

“Um homem não é religioso porque fere criaturas vivas; homem é chamado

de religioso por ter piedade de todas as criaturas vivas.

“Ao buscar escapar do sofrimento, por que deveríamos inflingi-lo a outros?

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