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“A mente essencial é como o espaço aberto, permanente e imóvel; o sonho
da existência é como as partículas de poeira deslocando-se e aparecendo e desaparecendo
no espaço aberto.
“A mente essencial é como a hospedaria; mas o sonho da existência é como
o viajante impermanente que pode apenas pernoitar e tem que seguir adiante,
sempre mudando.”
Buda, erguendo a mão, abriu os dedos e depois fechou-os: “Ananda, o que
está em movimento e o que está parado?”
Ananda viu que era a mão do Abençoado que se abria e fechava, e não a
“visão” dele que se movia. “Meu Senhor, eram os dedos que estavam em movimento,
não a percepção de meus olhos.”
“Ananda”, disse Buda, “você não consegue ver a diferença de natureza naquilo
que se move e muda, e naquilo que é imóvel e imutável? É o corpo que se
move e muda, não a mente.
“Por que você olha com tanta persistência para o movimento como pertencendo
ao corpo e à mente? Por que permite que seus pensamentos surjam e sucumbam,
deixando o corpo governar a mente, em vez de a mente governar o
corpo?
“Por que deixa seus sentidos enganarem você quanto à verdadeira natureza
imutável da mente e então faz coisas ao contrário, na direção do princípio da ignorância,
que conduz ao movimento e à confusão e ao sofrimento?
“Quando um indivíduo esquece da verdadeira natureza da mente, confunde
os objetos que são como marolas na superfície ilimitada como sendo sua mente
no todo, confunde os reflexos dos objetos como sendo sua mente, prendendo-se
assim aos infindáveis movimentos inquietos, às mudanças impermanentes e ao
sofrimento dos ciclos recorrentes de mortes e renascimentos que são causados
por ele mesmo.
“Você deveria considerar tudo que muda como ‘partículas de poeira’ e
aquilo que é imutável como sendo a verdadeira natureza da mente.”
Então Ananda e toda a assembleia compreenderam que, desde tempos sem
princípio, eles haviam esquecido e ignorado sua verdadeira natureza em meio
aos reflexos ilusórios do mundo e que o mundo era mente-apenas. Sentiram-se
como um bebê que houvesse encontrado o seio da mãe e ficasse com o espírito
calmo e pacífico. Suplicaram ao Senhor Tathagata para lhes ensinar como fazer
distinções corretas entre corpo e mente, entre o real e o irreal, entre o que é verdadeiro
e o que é falso, entre as naturezas manifestas de mortes e renascimentos
de um lado, e de outro lado a natureza intrínseca daquilo que é não nascido e