You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
52/127
mato no horizonte, proferiu o famoso grande Sermão do Fogo (Aditta-Pariyaya-
Sutra) para os mil sacrificadores do fogo que no passado haviam sido todos
monges de cabelos emaranhados.
“Todas as coisas, ó sacerdotes, estão em fogo. E o que, ó sacerdotes, são todas
essas coisas que estão em fogo?
“O olho, ó sacerdotes, está em fogo; as formas estão em fogo; a consciência
do olho está em fogo; as impressões recebidas pelo olho estão em fogo; e
qualquer sensação que seja, agradável ou desagradável, ou indiferente, que se
origina na dependência de impressões recebidas pelo fogo, também está em
fogo.
“E com o que estão em fogo?
“Com o fogo das paixões, digo eu, com o fogo do ódio, com o fogo do
fascínio; com nascimento, velhice, morte, dor, lamentação, miséria, pesar e
desespero estão em fogo.
“O ouvido está em fogo, os sons estão em fogo; o nariz está em fogo, os
odores estão em fogo; a língua está em fogo, os sabores estão em fogo; o corpo
está em fogo, as coisas tocáveis estão em fogo; o cérebro está em fogo, as ideias
estão em fogo; a mente-consciência está em fogo, as impressões recebidas pela
mente estão em fogo; e qualquer sensação agradável ou desagradável, ou indiferente,
que se origina na dependência das impressões recebidas pela mente,
também está em fogo.
“Percebendo isso, ó sacerdotes, o ser instruído e nobre concebe aversão
pelo olho, aversão pelas formas, aversão pela consciência do olho, aversão pelas
impressões recebidas pelo olho; e qualquer sensação, agradável ou desagradável,
ou indiferente, que se origina na dependência de impressões recebidas
pelo olho, por essa ele também concebe aversão. Concebe aversão pelo
ouvido, sons; pelo nariz, odores; pela língua, sabores; concebe aversão pelo
corpo, coisas tocáveis; pelo cérebro, ideias; pela mente-consciência, pelas impressões
recebidas pela mente; e qualquer sensação, agradável ou desagradável,
ou indiferente, que se origina na dependência de impressões recebidas pela
mente, por essa ele também concebe aversão.
“E, ao conceber essa aversão, ele torna-se despido de paixão, e por essa ausência
de paixão ele torna-se livre.
“E, quando está livre, ele fica ciente de que é livre.
“E ele sabe que o renascimento está esgotado, que ele viveu a vida sagrada,
que fez o que lhe cabia fazer, e que ele não é mais desse mundo.”
E essa é a realidade.