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“Não deem espaço para a raiva ou palavras ruins contra os homens no
poder. Raiva e ódio destroem a verdadeira lei e destroem a dignidade e a beleza
do corpo.
“Assim como o mangusto imune ao veneno de cobra, o monge vive em meio
à raiva e ao ódio com coração terno.
“A partir do ‘desejar-pouco’ achamos o caminho para a verdadeira libertação;
desejando a liberdade verdadeira devemos praticar o contentamento de
‘saber-o-bastante’. Pois o rico e o pobre igualmente, tendo contentamento, desfrutam
do repouso perpétuo.
“Não se tornem insaciáveis em suas exigências, reunindo com isso dor crescente
na longa noite da vida. Muitos dependentes são como as muitas amarras
que nos prendem; sem essa sabedoria, a mente é pobre e insincera.
“Sempre e continuamente os indivíduos deploráveis e amedrontados são
engolidos pela morte, trocando de sonhos miraculosamente, retornando em
nova pele ignorante de bebês; como árvores – braços, peso, paz turva.
“Pobres desgraçados, deficientes em sabedoria e conduta, decaídos no
remoinho mundano, retidos em lugares lúgubres, mergulhados em aflição incessantemente
renovada. Presos como são pelo desejo, como o iaque por sua
cauda, continuamente cegados pelo prazer sensual, não buscam Buda, o poderoso;
não buscam a lei que conduz ao fim da dor.
“Ouvir minhas palavras e não obedecê-las com cuidado, isso não é falta
daquele que fala.”
Perto da meia-noite, no silêncio do pesar fraterno, o Abençoado disse aos
discípulos: “Talvez seja por reverência ao professor que vocês guardam silêncio:
vamos então falar de amigo para amigo”.
Anuruddha avançou e disse: “Ó Abençoado, que ultrapassou o mar de nascimento
e morte, sem desejo, sem nada a buscar, nós apenas sabemos o quanto
amamos e, mortificados, perguntamos por que Buda morre tão depressa”.
E: “Ó, meu coração junta-se ao dele!”, gritou Pingiya.
O honrado irmão mais velho da humanidade disse: “O que vocês acham,
irmãos? O que é maior: as enxurradas de lágrimas que, chorando e se lamuriando,
vocês verteram por esse longo caminho, sempre apressando-se outra vez
rumo a novo nascimento e nova morte, unidos ao indesejado, separados do
desejado, isso, ou as águas dos quatro grandes mares?
“Por muito tempo, irmãos, vocês sofreram a morte de uma mãe, a morte de
um pai, a morte de um filho, a morte de uma filha, a morte de irmãos e irmãs, a
perda de bens, dores cruciantes da doença.