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lamparina; todos os budas ainda por vir perecerão da mesma maneira; por que

então eu haveria de ser diferente?

“Eu também entrarei no nirvana; mas, assim como eles prepararam outros

para a salvação, vocês devem agora apressar-se no caminho, Vaisali pode de fato

ficar contente se vocês encontrarem o caminho para o repouso!

“Na verdade, o mundo é vazio de auxílio, os ‘três mundos’ não bastam para

a alegria – detenham então o curso da dor gerando um coração sem desejo.

“Desistam para sempre da longa e irregular estrada da vida, apressem-se

pela trilha do norte, avancem passo a passo ao longo da rota ascendente, enquanto

o sol costeia as montanhas do oeste.”

Em sua última turnê de pregação o mestre foi à cidade de Pava e lá, na casa

de Chunda, o ferreiro, fez seu último repasto. O Abençoado viu que a carne de

porco oferecida por Chunda não prestava para comer e estava muito estragada;

sukaramaddava, verificou-se, um tipo de trufa venenosa; ele aconselhou os

monges a não tocá-la e, de acordo com a regra budista de aceitar todas as esmolas

dos fiéis, não importa quão pobres e humildes, ele comeu. Depois ficou

mortalmente enfermo de disenteria e deslocou-se para Kusinagara, na região

leste do Terai nepalês.

Para Ananda ele disse: “Entre aquelas árvores gêmeas, majestosas e lustrosas,

limpe um espaço e então coloque minha esteira de sentar. Ao chegar a

meia-noite, morrerei.

“Vá! Diga às pessoas: é chegado o tempo de minha morte; eles, os Mallas

deste distrito, se não me virem, vão se lamentar para sempre e sofrer de grande

pesar.”

Ele advertiu os discípulos para jamais acusarem Chunda, o ferreiro, de ser

responsável por sua morte, mas sim louvá-lo por ter trazido o nirvana para

perto do líder dos homens.

Aos Mallas que chegaram em prantos ele disse: “Não se aflijam! O tempo é

de alegria! Não há motivo para dor ou angústia aqui; aquilo que almejei por eras

agora estou prestes a obter; liberto dos estreitos limites dos sentidos, deixo essas

coisas, terra, água, fogo e ar, para repousar a salvo onde nem nascimento

nem morte podem chegar.

“Lá, eternamente liberado do pesar! Oh! Digam-me! Por que eu deveria estar

pesaroso?

“Antigamente, no monte de Sirsha, ansiava por me livrar desse corpo, mas

para cumprir meu destino permaneci até agora com os homens no mundo:

mantive esse corpo enfermiço, caindo aos pedaços, como quem reside com uma

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