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nunca morre; uma aparecendo e desaparecendo, a outra permanecendo para

sempre dentro da essência da mente.

O rei Prasenajit ergueu-se e pediu a Buda alguma instrução que lhe permitisse

compreender a natureza de não morrer e não renascer, de modo que

começasse a entender o estado que libertava definitivamente da roda de mortes

e renascimentos. Buda pediu-lhe que descrevesse sua aparência atual em comparação

com seu aspecto de menino. O rei exclamou: “Como posso comparar

meu presente com minha juventude?”, e descreveu o processo gradual de

decadência e mudança ano após ano, mês após mês, “sim, dia a dia”, que logo

acabaria em sua completa destruição. Buda então perguntou quantos anos ele

tinha quando viu o rio Ganges pela primeira vez, tinha três; e na segunda vez,

tinha treze; e quantos anos ele tinha agora, 62; e se sua percepção do Ganges

havia mudado. O rei respondeu: “A visão de meus olhos não é mais tão boa, mas

minha percepção da visão é a mesma de sempre.”

Buda dirigiu-se a ele: “Sua majestade! Você se entristece pelas mudanças

em sua aparência pessoal desde a juventude – o cabelo cinzento e o rosto enrugado,

a circulação sanguínea falha –, mas diz que sua percepção da visão comparada

à de quando era jovem não mostra mudança. Diga-me, sua majestade,

existem juventude e velhice na percepção da visão?”

“Absolutamente não, sua senhoria.”

Buda continuou: “Sua majestade! Embora seu rosto tenha ficado enrugado,

na percepção de seus olhos não há sinais de idade nem rugas. Então, as rugas

são símbolos da mudança, e o não enrugado é o símbolo do imutável. Aquilo que

está mudando deve sofrer destruição, mas o imutável está livre de mortes e

renascimento.”

Todo mundo na assembleia ficou imensamente animado ao ouvir essa antiga

novidade do Tathagata e ao começar a compreender sua verdade

misteriosa.

Então Ananda quis saber por que, uma vez que a percepção da mente é livre

de mortes e renascimentos, as pessoas ainda assim esquecem a verdadeira

natureza da mente e agem em um estado de “confusão ao contrário” na direção

do princípio da ignorância.

Buda estendeu o braço com os dedos apontados para baixo em um mudra

místico. “Ananda, se esta posição é chamada de ‘contrária’, o que você chamaria

de correta?”

“Senhor, colocando os dedos para cima seria chamada de ‘correta’.”

Buda virou a mão de repente e disse a Ananda: “Se essa interpretação de

posições contrária e correta é feita simplesmente virando a mão, de modo que

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