Mestre Lico: Tatu tá véio/ (coro) mal sabe negá ocarreiro.Zé <strong>de</strong> Toninho: Ô, olha lá senhor jongueiro/pra mimocê é um home fraco// esse tatu tá véio/ (coro) mai écostumado no buraco.João Rumo: Eh, meu Deus do céu// esse tatu po<strong>de</strong> távéio/ (coro) mais não cai nessa gaiola.Zé <strong>de</strong> Toninho: Meu senhor jongueiro/escute o queeu tô falano/esse tatu é véio/mai’ ele veve cavucano//(coro): aia iê/iê ia/esse tatu é véio/ mai’ ele vevecavucano. 33. Ponto para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r um ente querido e ponto parapedir bebi<strong>da</strong> – Caxambu <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> São José –Teresinha <strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> Jesus.Galinha assanha/não mexe com pinto/galinha assanha,ei.Bombeiro <strong>da</strong> bomba/bombeiro <strong>da</strong> bomba dê um copod’água/a se<strong>de</strong> me tomba. 4Você já <strong>de</strong>ve estar familiarizado com essa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>linguagem que utiliza verso cantado, rima, improviso, <strong>de</strong>safio, ritmo,poetici<strong>da</strong><strong>de</strong>, musicali<strong>da</strong><strong>de</strong>, sátira etc. O <strong>de</strong>safio está lançado:eu sou jovem,eu não sou bobo,num aceito preconceito,risqu’ esse termo do seu conceito.Andréia Lisboa <strong>de</strong> SousaNei Lopes, no Novo Dicionário Banto do Brasil (Pallas, 2003),apresenta alguns significados para o vocábulo bomba, mencionadono ponto 3.Seguindo as trilhas <strong>da</strong> interpretação, o que significa esse tatu évéio/ mai’ ele veve cavucano?Bomba [1], s.f. Certo doce <strong>de</strong> forma cilíndrica ou esférica,feito <strong>de</strong> massa cozi<strong>da</strong> (...). Ou do umbundo:ombomba, bolo, broa; mbomba, farinha molha<strong>da</strong> masnão cozi<strong>da</strong>.Bomba [2], s.f. Fôlego (PR) - do xitonga bomba, cansar.Cp. AbombarBombeador, s.m. Aquele que age ou se comporta comobombeiro (BH). De bombear.Bombear, v.t.d (1) espionar. (2) Seguir alguém buscandoocasião para lhe falar. (3) Observar com atenção (BH).Bombeiro [1], s.f. Espião ou explorador <strong>de</strong> campo inimigo.Do quimbundo pombo, espião.Bombeiro [2], s.m. (1) ven<strong>de</strong>dor ambulante. (2) O práticoem trilhas e encruzilha<strong>da</strong>s nos campos gerias mineirose baianos (BH). Do quimbundo pombo, mensageiro.3Várzea do Gouvêa, Cunha-SP, 18/7/93. DocumentosSonoros Brasileiros – Acervo Cachuera!4Fazen<strong>da</strong> São José, Santa Isabel do Rio Preto-RJ (6/6/98). Documentos Sonoros Brasileiros-Acervo Cachuera!De olho na Cultura 135
Sarau afro - Plantando o Axé ...De acordo com o Dicionário Brasileiro Melhoramentos,sarau significa: 1. (s.m) Reunião festiva, em casaparticular, clube ou teatro, em que se passa a noite<strong>da</strong>nçando, jogando, tocando, etc. 2. Concerto musical<strong>de</strong> noite. 3. Reunião <strong>de</strong> pessoas amantes <strong>de</strong> letras,para recitação e audição <strong>de</strong> trabalhos em prosaou em verso. 5Uma <strong>da</strong>s várias formas <strong>de</strong> mantermos vivas nossas memórias<strong>cultura</strong>is é o sarau.Aqui no Brasil, uma saí<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong> por muitos escritores/asnegros/as para furar o bloqueio a eles imposto no meioeditorial e fazer suas obras chegarem ao leitor foi a publicação emregime cooperativo. Durante o ano <strong>de</strong> 1978, existiu em São Paulo,no bairro do Bexiga, o <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Cultura e Arte Negra (Cecan),on<strong>de</strong> se reuniam pessoas liga<strong>da</strong>s às letras, <strong>de</strong>ntre as quais o poetaCuti e o advogado Hugo Ferreira. Juntos, eles <strong>de</strong>cidiram lançar osCa<strong>de</strong>rnos Negros, pequenas coletâneas <strong>de</strong> poemas.Recitar poesias, acompanhando seu ritmo com palmas, como corpo, não <strong>de</strong>ve ser novi<strong>da</strong><strong>de</strong> para você. Para esse grupo <strong>de</strong>artistas, a poesia é axé. Plantar o axé é o mesmo que soltar osversos, cantar a beleza negra e alimentar nossa <strong>cultura</strong>, nossa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>,(re)lembrando formas <strong>de</strong> resistência por meio do po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>palavra. Po<strong>de</strong>mos perceber que, muitas vezes, os africanos escravizadosutilizaram a palavra como arma seja em suas rezas ouxingamentos em sua própria língua, seja nos <strong>de</strong>sabafos <strong>da</strong> dorsenti<strong>da</strong>. Os compositores <strong>de</strong> bloco afro, rappers, capoeiristas, conga<strong>de</strong>iros,emboleiros, repentistas, sambistas etc. sabem fazer commuita proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> essa combinação <strong>de</strong> palavra e ritmo.5Novo Dicionário Brasileiro Melhoramentos – Vol. V – 1969136 De olho na Cultura
- Page 4:
Andréia Lisboa de SouzaAna Lúcia
- Page 10 and 11:
IntroduçãoLivros circulam em todo
- Page 12 and 13:
A CRIAÇÃO DOS MUNDOSPELA CULTURAA
- Page 14:
Nomeando e julgandoO ser humano tem
- Page 18 and 19:
As lentes da culturana representaç
- Page 20 and 21:
Antigas colônias francesasAntigas
- Page 22 and 23:
de certas relações sociais e econ
- Page 24 and 25:
Mas nem sempre a cultura a ser cons
- Page 26 and 27:
CULTURAE FORMAÇÃO DE IDENTIDADESO
- Page 28 and 29:
Quais são as relações entre cult
- Page 30 and 31:
Identidades:pequenos grandes retrat
- Page 32 and 33:
Porém, independentemente da miscig
- Page 34 and 35:
Texto AFrechal: Terra de Preto 3Ter
- Page 36 and 37:
Na escola dos mestres das palavras
- Page 38 and 39:
REPRESENTAÇÕES DO HOMEME DA MULHE
- Page 40 and 41:
Em nossa sociedade muito se tem dis
- Page 42 and 43:
Mãe Hilda JitoluHilda Dias dos San
- Page 44 and 45:
Esta é uma conhecida frase da pesq
- Page 46 and 47:
E tu te lembras da Casa-Grandee vam
- Page 48 and 49:
Filhote no subúrbioMulato, pardo o
- Page 50:
mulher. Os adultos educam as crian
- Page 53 and 54:
52 De olho na Cultura
- Page 55 and 56:
Geralmente podemos observar, por me
- Page 57 and 58:
cabelos dreadlocks, em contraste à
- Page 59 and 60:
mada em mercadorias. As expansões
- Page 61 and 62:
criadas no Brasil. Essas classifica
- Page 63 and 64:
Dicas culturais:A Casa Branca do En
- Page 65 and 66:
Uma das maiores dificuldades na soc
- Page 67 and 68:
Nas irmandades, um dos princípios
- Page 69 and 70:
68 De olho na Cultura
- Page 71 and 72:
Sim, somos todos seres humanos, por
- Page 73 and 74:
Brincadeiras sem constrangimentosN
- Page 75 and 76:
Mais explicitamente agressora, do p
- Page 77 and 78:
Estudo sobre a relação entre tele
- Page 79 and 80:
Dicas culturais:Você sabia que, h
- Page 81 and 82:
Das ruas para as academiasNo ano de
- Page 83 and 84:
82 De olho na Cultura
- Page 85 and 86: 84 De olho na Cultura
- Page 87 and 88: Essa interação envolve os reinos
- Page 89 and 90: os valores e a memória são revivi
- Page 91 and 92: Ancestral do metalDo ferro naturalD
- Page 93 and 94: Muitos só tiveram a sorteda mortal
- Page 95 and 96: prospectivo, vertical e horizontal,
- Page 97 and 98: 1. O Cacumbi, manifestação da reg
- Page 99 and 100: tral — espécie de bateria — co
- Page 101 and 102: Desafio no rap emboladaÉ o Rap emb
- Page 103 and 104: Mente em açãoNote que o jogo desa
- Page 105 and 106: 104 De olho na Cultura
- Page 107 and 108: Levante de Sabres Africanos(Guellwa
- Page 109 and 110: línguas faladas no continente afri
- Page 111 and 112: ar um movimento em direção oposta
- Page 113 and 114: 4. Um dos significados de territori
- Page 115 and 116: Linguagem e poder... A começar do
- Page 117 and 118: termos lingüísticos com a finalid
- Page 119 and 120: da igreja/comprovante vai pro fogo/
- Page 122 and 123: MODALIDADES CULTURAISDE LINGUAGEML
- Page 124 and 125: Patrimônio oralNas unidades anteri
- Page 126 and 127: Soltando o verboO provérbio é out
- Page 128 and 129: Um traço marcante nas modalidades
- Page 130 and 131: Certo de que a Caveira não o decep
- Page 132 and 133: pre afirmam explicitamente uma verd
- Page 134 and 135: cas em histórias e tradições. Do
- Page 138: Utilizando outras modalidades na fa
- Page 141 and 142: 140 De olho na Cultura
- Page 143 and 144: Os adornos corporais, os objetos ri
- Page 145 and 146: uso de madeira, que era entalhada c
- Page 147 and 148: Da África para o MundoPor muito te
- Page 149 and 150: pectiva e a ilusão de profundidade
- Page 151 and 152: Arte de MemóriaQuando o ser humano
- Page 153 and 154: Cultura e identidade na arteNem tod
- Page 155 and 156: África-Brasil - re/traduçãoNão
- Page 157 and 158: técnica e expressão artística, c
- Page 159 and 160: etratam suas lembranças de infânc
- Page 161 and 162: Pérolas do BrasilTambém nos anos
- Page 163 and 164: Afinal, o que é arte?Podemos aceit
- Page 165 and 166: Para dar certo: Encha a bexiga até
- Page 167 and 168: Caso esteja quebradiça, proceda da
- Page 169 and 170: 168 De olho na Cultura
- Page 171 and 172: A cara negra da imprensaA imprensa
- Page 173 and 174: Herbel e Tibério, o Teatro Experim
- Page 175 and 176: Televisão em questãoA televisão,
- Page 177 and 178: Em 1996, a Rede Manchete de Televis
- Page 179 and 180: Cinema em preto e brancoNo Brasil d
- Page 181 and 182: Luz, câmera... re/açãoA represen
- Page 183 and 184: O papel da mídiana discussão étn
- Page 185 and 186: etomado, mas também é generoso, p
- Page 187 and 188:
Capítulo 21. CARNEIRO, Sueli. Negr
- Page 189 and 190:
Capítulo 51. AREIAS, Almir. O que
- Page 191 and 192:
3. __________. “Colaboração, An
- Page 193 and 194:
5. RODRIGUES, João Carlos. O Negro
- Page 195 and 196:
194 De olho na Cultura
- Page 197:
Uma história do negro no Brasilde