Negro em revistaAo olhar para as bancas <strong>de</strong> jornal, notamos que a presença donegro é ain<strong>da</strong> pouco visível, embora já se tenha avançado muitona luta por trazer a presença <strong>da</strong> figura do povo negro representa<strong>da</strong>nas diversa publicações em circulação no país. Exemplo recente<strong>da</strong> presença do negro no mercado editorial é a revista RaçaBrasil, cria<strong>da</strong> pelo escritor e jornalista Aroldo Macedo.Aroldo Macedo exerceu por pouco tempo a sua profissão<strong>de</strong> engenheiro civil, ingressando na carreira <strong>de</strong> comunicação em1972. Trabalhou na TV durante alguns anos, participando <strong>de</strong> algumasnovelas. Residiu em Nova York durante seis anos, períodoem que atuou como fotógrafo e vi<strong>de</strong>omaker in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Em1995, <strong>de</strong> volta ao Brasil, criou a revista Raça Brasil, <strong>da</strong> qual foieditor e diretor por quatro anos.A revista Raça, ain<strong>da</strong> que revele personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s afro-brasileiras,apresenta um perfil mais comercial, veiculando assuntoscomo beleza, mo<strong>da</strong>, comportamento, <strong>cultura</strong> e lazer. É uma sobreviventeno mercado editorial, embora não seja a primeira revistaa priorizar o público negro. Publicações como a Ébano, Raízese Da Rua,por exemplo, também tentaram estabelecer-se, mas foramsuprimi<strong>da</strong>s do mercado por razões diversas.A revista Da Rua, lança<strong>da</strong> em São Paulo, em 20 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>2003, foi dirigi<strong>da</strong> e edita<strong>da</strong> pela jornalista Daniela Carrara e pelaprofessora Érica Thaís, que abraçaram a idéia <strong>de</strong> um colega, JorgeAntonio Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus Santos — mostrar a <strong>cultura</strong> hip hop<strong>de</strong>stacando o papel <strong>da</strong>s mulheres no movimento. Sobreviveu aolongo <strong>de</strong> quatro edições, resistindo à pressão <strong>da</strong> editora, que queriaque a revista tivesse um caráter mais pop.Atualmente, muitas revistas, boletins e jornais voltados paraa <strong>de</strong>núncia e o combate ao preconceito étnico-racial são lançados.Alguns se mantêm circulando, ain<strong>da</strong> que não oficialmente, em váriasenti<strong>da</strong><strong>de</strong>s negras espalha<strong>da</strong>s por to<strong>da</strong>s as regiões do Brasil.De olho na Cultura 173
Televisão em questãoA televisão, juntamente com o rádio, é um dos veículos <strong>de</strong> comunicaçãomais populares e está presente em to<strong>da</strong>s as regiões doBrasil, nas casas, nas praças, nos bares e outros locais públicos.Pensar o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> televisão como agente socializador <strong>de</strong>padrões <strong>cultura</strong>is e i<strong>de</strong>ológicos é fun<strong>da</strong>mental para compreen<strong>de</strong>rmoso seu papel como um dos fios constitutivos <strong>de</strong> concepçõese práticas em relação ao outro. Dentre a vasta programaçãotelevisiva, vale <strong>de</strong>stacar a telenovela, que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu nascimento,no Brasil, tem ditado mo<strong>da</strong>s e costumes, influenciando o imagináriosocial <strong>da</strong> população como um todo.A primeira transmissão televisiva aconteceu no dia 26 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 1926, em Londres. No Brasil, a televisão surge em18 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1950, quando foi inaugura<strong>da</strong> a primeira emissorabrasileira, a TV Tupi, canal 4.A re<strong>de</strong> Tupi, extinta em 1980, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a gran<strong>de</strong> responsávelpela difusão <strong>da</strong> telenovela, levou ao ar, em 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 1964, o primeiro capítulo do drama O Direito <strong>de</strong> Nascer. Anovela, cuja trama era basea<strong>da</strong> em um romance cubano, tinhacomo personagem importante no seu <strong>de</strong>senrolar a negra MamãeDolores, vivi<strong>da</strong> pela atriz Cléa Simões. Tal personagem não tinhafamília nem uma história <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> própria. A ela cabia tão-só zelarpela proteção <strong>de</strong> Albertinho Limonta, cuja ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira mãe, tambémcria<strong>da</strong> por Mamãe Dolores, era filha dos patrões.Em 1969, estreava na TV a novela A Cabana do Pai Tomás,cujo roteiro foi baseado no romance homônimo <strong>de</strong> HarrietBeecher Stowe. Sérgio Cardoso era maquiado para que pu<strong>de</strong>sseinterpretar o papel do Pai Tomás, negro idoso, fiel e serviçal.Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, a Re<strong>de</strong> Globo <strong>de</strong> Televisão, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em1965, produziu novelas cujos enredos reservavam aos personagense, conseqüentemente, aos atores negros papéis <strong>de</strong> escravos,em sua <strong>maio</strong>ria servis ou traidores, moleques <strong>de</strong> recado, preguiçososou <strong>da</strong> negra sensual que ameaça a harmonia familiar. Essasnovelas alimentavam o imaginário social sobre o negro como serinferior, <strong>cultura</strong>l e economicamente, aos brancos, impedindo aconstrução <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> positiva para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> afro-174 De olho na Cultura
- Page 4:
Andréia Lisboa de SouzaAna Lúcia
- Page 10 and 11:
IntroduçãoLivros circulam em todo
- Page 12 and 13:
A CRIAÇÃO DOS MUNDOSPELA CULTURAA
- Page 14:
Nomeando e julgandoO ser humano tem
- Page 18 and 19:
As lentes da culturana representaç
- Page 20 and 21:
Antigas colônias francesasAntigas
- Page 22 and 23:
de certas relações sociais e econ
- Page 24 and 25:
Mas nem sempre a cultura a ser cons
- Page 26 and 27:
CULTURAE FORMAÇÃO DE IDENTIDADESO
- Page 28 and 29:
Quais são as relações entre cult
- Page 30 and 31:
Identidades:pequenos grandes retrat
- Page 32 and 33:
Porém, independentemente da miscig
- Page 34 and 35:
Texto AFrechal: Terra de Preto 3Ter
- Page 36 and 37:
Na escola dos mestres das palavras
- Page 38 and 39:
REPRESENTAÇÕES DO HOMEME DA MULHE
- Page 40 and 41:
Em nossa sociedade muito se tem dis
- Page 42 and 43:
Mãe Hilda JitoluHilda Dias dos San
- Page 44 and 45:
Esta é uma conhecida frase da pesq
- Page 46 and 47:
E tu te lembras da Casa-Grandee vam
- Page 48 and 49:
Filhote no subúrbioMulato, pardo o
- Page 50:
mulher. Os adultos educam as crian
- Page 53 and 54:
52 De olho na Cultura
- Page 55 and 56:
Geralmente podemos observar, por me
- Page 57 and 58:
cabelos dreadlocks, em contraste à
- Page 59 and 60:
mada em mercadorias. As expansões
- Page 61 and 62:
criadas no Brasil. Essas classifica
- Page 63 and 64:
Dicas culturais:A Casa Branca do En
- Page 65 and 66:
Uma das maiores dificuldades na soc
- Page 67 and 68:
Nas irmandades, um dos princípios
- Page 69 and 70:
68 De olho na Cultura
- Page 71 and 72:
Sim, somos todos seres humanos, por
- Page 73 and 74:
Brincadeiras sem constrangimentosN
- Page 75 and 76:
Mais explicitamente agressora, do p
- Page 77 and 78:
Estudo sobre a relação entre tele
- Page 79 and 80:
Dicas culturais:Você sabia que, h
- Page 81 and 82:
Das ruas para as academiasNo ano de
- Page 83 and 84:
82 De olho na Cultura
- Page 85 and 86:
84 De olho na Cultura
- Page 87 and 88:
Essa interação envolve os reinos
- Page 89 and 90:
os valores e a memória são revivi
- Page 91 and 92:
Ancestral do metalDo ferro naturalD
- Page 93 and 94:
Muitos só tiveram a sorteda mortal
- Page 95 and 96:
prospectivo, vertical e horizontal,
- Page 97 and 98:
1. O Cacumbi, manifestação da reg
- Page 99 and 100:
tral — espécie de bateria — co
- Page 101 and 102:
Desafio no rap emboladaÉ o Rap emb
- Page 103 and 104:
Mente em açãoNote que o jogo desa
- Page 105 and 106:
104 De olho na Cultura
- Page 107 and 108:
Levante de Sabres Africanos(Guellwa
- Page 109 and 110:
línguas faladas no continente afri
- Page 111 and 112:
ar um movimento em direção oposta
- Page 113 and 114:
4. Um dos significados de territori
- Page 115 and 116:
Linguagem e poder... A começar do
- Page 117 and 118:
termos lingüísticos com a finalid
- Page 119 and 120:
da igreja/comprovante vai pro fogo/
- Page 122 and 123:
MODALIDADES CULTURAISDE LINGUAGEML
- Page 124 and 125: Patrimônio oralNas unidades anteri
- Page 126 and 127: Soltando o verboO provérbio é out
- Page 128 and 129: Um traço marcante nas modalidades
- Page 130 and 131: Certo de que a Caveira não o decep
- Page 132 and 133: pre afirmam explicitamente uma verd
- Page 134 and 135: cas em histórias e tradições. Do
- Page 136 and 137: Mestre Lico: Tatu tá véio/ (coro)
- Page 138: Utilizando outras modalidades na fa
- Page 141 and 142: 140 De olho na Cultura
- Page 143 and 144: Os adornos corporais, os objetos ri
- Page 145 and 146: uso de madeira, que era entalhada c
- Page 147 and 148: Da África para o MundoPor muito te
- Page 149 and 150: pectiva e a ilusão de profundidade
- Page 151 and 152: Arte de MemóriaQuando o ser humano
- Page 153 and 154: Cultura e identidade na arteNem tod
- Page 155 and 156: África-Brasil - re/traduçãoNão
- Page 157 and 158: técnica e expressão artística, c
- Page 159 and 160: etratam suas lembranças de infânc
- Page 161 and 162: Pérolas do BrasilTambém nos anos
- Page 163 and 164: Afinal, o que é arte?Podemos aceit
- Page 165 and 166: Para dar certo: Encha a bexiga até
- Page 167 and 168: Caso esteja quebradiça, proceda da
- Page 169 and 170: 168 De olho na Cultura
- Page 171 and 172: A cara negra da imprensaA imprensa
- Page 173: Herbel e Tibério, o Teatro Experim
- Page 177 and 178: Em 1996, a Rede Manchete de Televis
- Page 179 and 180: Cinema em preto e brancoNo Brasil d
- Page 181 and 182: Luz, câmera... re/açãoA represen
- Page 183 and 184: O papel da mídiana discussão étn
- Page 185 and 186: etomado, mas também é generoso, p
- Page 187 and 188: Capítulo 21. CARNEIRO, Sueli. Negr
- Page 189 and 190: Capítulo 51. AREIAS, Almir. O que
- Page 191 and 192: 3. __________. “Colaboração, An
- Page 193 and 194: 5. RODRIGUES, João Carlos. O Negro
- Page 195 and 196: 194 De olho na Cultura
- Page 197: Uma história do negro no Brasilde