Rasta VoiceEdson Caten<strong>de</strong>Ele se elevou <strong>da</strong> fumaça <strong>de</strong>Suas narinas e o mundo criou (...)Pra ser rastafariTem que ser muito legalNão bastam cabelos berlotasTem que ser muito realAmar as pessoas como Jah amouAn<strong>da</strong>r pelo mundo sem alimentar rancor (...)Rastafari é uma atitu<strong>de</strong>, um jeito <strong>de</strong> amar a vi<strong>da</strong>Black man, Jamaica eh, Rasta Voice, Liber<strong>da</strong><strong>de</strong> ehMouros negrosAs relações sociais entre os mundos africano e árabe são milenares.Sob o aspecto religioso, a expansão islâmica inicia<strong>da</strong> pelo norte,levando a palavra <strong>de</strong> Maomé, preten<strong>de</strong>u atingir o mais extremodo Bilad-es-Su<strong>da</strong>n, o país dos negros. As Jihads, guerras santas,conquistavam ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e, ao longo do tempo, as crenças sofriama<strong>da</strong>ptações africanas. A conversão ao islamismo muitas vezes foitroca<strong>da</strong> por proteção.Dicas <strong>cultura</strong>is:Mussá, governante do império Mandinga, entre 1312 e 1337,realizava legendárias peregrinações a Meca propagando o po<strong>de</strong>rioe o sucesso comercial e intelectual <strong>de</strong> seus domínios.Para o Brasil também vieram africanos islamizados. Os maisconhecidos são os que viveram escravizados na Bahia, os malês,que se insurgiram contra a escravização através <strong>de</strong> uma ação coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>no ano <strong>de</strong> 1835. Existem também registros <strong>de</strong> africanosmarcados pelos preceitos do islamismo em Pernambuco, Alagoase Rio <strong>de</strong> Janeiro. Letrados pela prática <strong>de</strong> leitura do Alcorão, elesse distinguiam pela altivez e insubmissão, inclusive no aspecto religioso.O sistema econômico <strong>de</strong> escravizar gente fez surgir especialistasna compra e também na ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana transfor-De olho na Cultura 57
ma<strong>da</strong> em mercadorias. As expansões políticas por entre os territóriosafricanos resultavam em aprisionamentos <strong>de</strong> guerra que<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI adquiriram novas dimensões sociais.As instabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s causa<strong>da</strong>s pelas guerras fomentaram a especializaçãodo tráfico, que se apoiou, muitas vezes, em i<strong>de</strong>ários<strong>de</strong> conquistas religiosas.Santos católicos negrosDes<strong>de</strong> que os portugueses passaram a transitar pelas costa africana,a presença <strong>de</strong> habitantes negros na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> portuguesa setornou freqüente. Em Lisboa, a primeira irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> africanosfoi instala<strong>da</strong> no ano <strong>de</strong> 1460, no Mosteiro <strong>de</strong> São Domingos: airman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora do Rosário, em cujo compromissose inspiraram as <strong>de</strong>mais. Ali os africanos escravizados recebiamo batismo e passavam a ser instruídos no cristianismo.No Brasil o batismo também foi uma prática <strong>da</strong>s freguesiasdurante a colonização. Delas <strong>de</strong>correram as inúmeras “irman<strong>da</strong><strong>de</strong>sdos pretos”, que adotavam santos como Santo Elesbão eSanta Efigênia, ditos originários do reino etíope, São Benedito,Santo Antônio, São Martinho, e outros. A estrutura <strong>de</strong>ssas irman<strong>da</strong><strong>de</strong>sincluía títulos <strong>de</strong> nobreza, eleição <strong>de</strong> reis e rainhas, cargosexecutivos e agremiações festivas chama<strong>da</strong>s reinados. Da se<strong>de</strong><strong>de</strong>ssas congregações saíam as Folias, que tomavam as ruas com omesmo fervor <strong>de</strong>votado aos oragos <strong>da</strong>s igrejas.Os Maracatus e as Conga<strong>da</strong>s são folguedos expressivos <strong>da</strong>i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> negra <strong>de</strong>ssas confrarias, resguar<strong>da</strong>ndo um imagináriosobre a África que é relacionado à realeza, cortejo, presença <strong>da</strong>corte, <strong>da</strong> música, <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça, etc. As irman<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nossa Senhorados Remédios, <strong>de</strong> Nossa Senhora do Carmo, do Senhor BomJesus, <strong>da</strong> Re<strong>de</strong>nção dos Homens Pretos, <strong>da</strong> Boa Morte e dos Martíriosreuniam africanos refazendo i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s.A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conquista <strong>da</strong> alforria parece ter sido, noentanto, um forte motivo para esse tipo <strong>de</strong> associação entre os “pretos”,uma esfera <strong>da</strong>quele cotidiano. Como confrarias estabeleci<strong>da</strong>s,58 De olho na Cultura
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