Xangô representa o po<strong>de</strong>r do panteão. Ele é rei (Obá), dono<strong>da</strong> justiça. Por isso, é associado ao trovão. O trovão é assustadorquando mostra sua autori<strong>da</strong><strong>de</strong>. Todos o temem. Seu símbolo é omachado <strong>de</strong> duas pontas, que representa o equilíbrio. Dois ladosalu<strong>de</strong>m à idéia <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração para o julgamento. Quase semprean<strong>da</strong> com os Ibeji, divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>rosas, gêmeas, que representama fartura, pois carregam o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> multiplicação.Para os orixás, se reza cantando. As <strong>da</strong>nças recontam mitologias,as cores utiliza<strong>da</strong>s nos ritos reverenciam ao mesmo tempoem que integram as forças dos orixás. Do mesmo modo, ca<strong>da</strong>orixá tem uma comi<strong>da</strong> que o representa. Diz-se que é sua preferi<strong>da</strong>,por isso lhe é ofereci<strong>da</strong> cerimonialmente. O alimento contéma natureza <strong>da</strong> divin<strong>da</strong><strong>de</strong>, assim como o banho que reúne o conhecimento<strong>da</strong>s folhas. Os ritos são modos através dos quais se saú<strong>da</strong>e se recebe a força do orixá.Consi<strong>de</strong>rando a leitura do texto:Organize uma pesquisa sobre o conhecimento <strong>da</strong>s plantas,a estética, os significados contidos na culinária, o acervo <strong>da</strong>s cantigas,o som dos tambores, a técnica <strong>da</strong>s <strong>da</strong>nças, enfim, tudo o quelhe for possível conhecer sobre a liturgia do candomblé.Faz parte <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> maranhense a Casa <strong>da</strong>s Minas, <strong>de</strong> matrizesreligiosas relaciona<strong>da</strong>s à <strong>cultura</strong> fon africana, cujas divin<strong>da</strong><strong>de</strong>ssão chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> voduns. A tradição matriarcal foi inicia<strong>da</strong> por MãeAndresa, que coor<strong>de</strong>nou a Casa entre 1914 e 1954. Vizinha a esta,há a Casa <strong>de</strong> Nagô, tendo como sacerdotisa dirigente Mãe Dudu,que a coor<strong>de</strong>nou entre 1967 e 1988. Dentre outros templos quepontuam uma importante memória sobre a religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> afro-brasileira,está a Casa <strong>de</strong> Fanti-achanti, também no Maranhão, fun<strong>da</strong><strong>da</strong>pelo sacerdote conhecido como Pai Eucli<strong>de</strong>s, em 1958.As rememorações em torno <strong>de</strong>ssas religiões necessitam seramplia<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong>s inúmeras histórias regionais que possamrevelar uma personali<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma estratégia <strong>de</strong> sobrevivência <strong>da</strong> casa,um rito peculiar, a força <strong>de</strong> uma tradição. Encontramos, por exemplo,poucas referências sobre os batuques do sul do Brasil. To<strong>da</strong>via,existe uma memória mais referi<strong>da</strong> na <strong>cultura</strong> nacional a respeito<strong>da</strong>s origens africanas dos candomblés na Bahia.De olho na Cultura 61
Dicas <strong>cultura</strong>is:A Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador, foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong>por três iorubanas, no início do século XIX, originárias <strong>da</strong>região <strong>de</strong> Ketu que haviam sido escraviza<strong>da</strong>s e trazi<strong>da</strong>s ao Brasil.Seus nomes eram Iya A<strong>de</strong>tá, Iya Akalá e Iya Nassô, auxilia<strong>da</strong>spor dois homens chamados Babá Assipá e Bamboxê Obiticô.Afora o último, cujo nome <strong>de</strong> batismo é conhecido (RodolfoMartins <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>) todos os <strong>de</strong>mais são conhecidos apenaspelos seus título. Iyá Nassô, segundo Vivaldo <strong>da</strong> Costa Lima,não era um nome próprio iorubá, mas um título altamentehonorífico restrito à corte <strong>de</strong> Alafin Oyó, isto é, do rei <strong>de</strong> todosos iorubas. Este título estaria ligado a uma função religiosa específicae <strong>de</strong> alto significado nessa <strong>cultura</strong>. Preservando o culto aosorixás, as cantigas, comi<strong>da</strong>s, rezas e preceitos, as três iorubanasasseguraram a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sse conhecimento religioso. Sobreessa presença feminina po<strong>de</strong>mos dizer ain<strong>da</strong> que pertenciamà Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bom Jesus dos Martírios <strong>da</strong> Igreja <strong>da</strong> Barroquinha,no centro histórico <strong>de</strong> Salvador, nos fundos <strong>da</strong> qual a Casa Brancafoi fun<strong>da</strong><strong>da</strong>. Da Casa Branca saíram os fun<strong>da</strong>dores do terreirodo Gantois e do Axé Opó Afonjá, localizado em São Gonçalodo Retiro.A umban<strong>da</strong> é uma <strong>da</strong>s religiões <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s afro-brasileiraspertencentes ao universo <strong>da</strong>s religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s bantu, que sãoinúmeras e pouco conheci<strong>da</strong>s no Brasil. Como culto organizado,surgiu na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1920. Sua base doutrinária emancipou-se <strong>de</strong>práticas influencia<strong>da</strong>s pela religião espírita kar<strong>de</strong>cista. A presença<strong>de</strong> espíritos africanos <strong>de</strong>sprezados no culto kar<strong>de</strong>cista, pareceter provocado a <strong>de</strong>rivação.Babassuê, Cabula, Pajelança, Catimbó, Xambá, Toré, sãooutras <strong>de</strong>nominações regionais <strong>de</strong> manifestações <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>afro-brasileira, ca<strong>da</strong> qual com características próprias.Um ponto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração é a vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas manifestações<strong>de</strong> religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para serem conheci<strong>da</strong>s. Outro, é a difusão<strong>de</strong>ssas manifestações na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em âmbito nacional, algunsdos núcleos que propiciam a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um grupo religioso62 De olho na Cultura
- Page 4:
Andréia Lisboa de SouzaAna Lúcia
- Page 10 and 11:
IntroduçãoLivros circulam em todo
- Page 12 and 13: A CRIAÇÃO DOS MUNDOSPELA CULTURAA
- Page 14: Nomeando e julgandoO ser humano tem
- Page 18 and 19: As lentes da culturana representaç
- Page 20 and 21: Antigas colônias francesasAntigas
- Page 22 and 23: de certas relações sociais e econ
- Page 24 and 25: Mas nem sempre a cultura a ser cons
- Page 26 and 27: CULTURAE FORMAÇÃO DE IDENTIDADESO
- Page 28 and 29: Quais são as relações entre cult
- Page 30 and 31: Identidades:pequenos grandes retrat
- Page 32 and 33: Porém, independentemente da miscig
- Page 34 and 35: Texto AFrechal: Terra de Preto 3Ter
- Page 36 and 37: Na escola dos mestres das palavras
- Page 38 and 39: REPRESENTAÇÕES DO HOMEME DA MULHE
- Page 40 and 41: Em nossa sociedade muito se tem dis
- Page 42 and 43: Mãe Hilda JitoluHilda Dias dos San
- Page 44 and 45: Esta é uma conhecida frase da pesq
- Page 46 and 47: E tu te lembras da Casa-Grandee vam
- Page 48 and 49: Filhote no subúrbioMulato, pardo o
- Page 50: mulher. Os adultos educam as crian
- Page 53 and 54: 52 De olho na Cultura
- Page 55 and 56: Geralmente podemos observar, por me
- Page 57 and 58: cabelos dreadlocks, em contraste à
- Page 59 and 60: mada em mercadorias. As expansões
- Page 61: criadas no Brasil. Essas classifica
- Page 65 and 66: Uma das maiores dificuldades na soc
- Page 67 and 68: Nas irmandades, um dos princípios
- Page 69 and 70: 68 De olho na Cultura
- Page 71 and 72: Sim, somos todos seres humanos, por
- Page 73 and 74: Brincadeiras sem constrangimentosN
- Page 75 and 76: Mais explicitamente agressora, do p
- Page 77 and 78: Estudo sobre a relação entre tele
- Page 79 and 80: Dicas culturais:Você sabia que, h
- Page 81 and 82: Das ruas para as academiasNo ano de
- Page 83 and 84: 82 De olho na Cultura
- Page 85 and 86: 84 De olho na Cultura
- Page 87 and 88: Essa interação envolve os reinos
- Page 89 and 90: os valores e a memória são revivi
- Page 91 and 92: Ancestral do metalDo ferro naturalD
- Page 93 and 94: Muitos só tiveram a sorteda mortal
- Page 95 and 96: prospectivo, vertical e horizontal,
- Page 97 and 98: 1. O Cacumbi, manifestação da reg
- Page 99 and 100: tral — espécie de bateria — co
- Page 101 and 102: Desafio no rap emboladaÉ o Rap emb
- Page 103 and 104: Mente em açãoNote que o jogo desa
- Page 105 and 106: 104 De olho na Cultura
- Page 107 and 108: Levante de Sabres Africanos(Guellwa
- Page 109 and 110: línguas faladas no continente afri
- Page 111 and 112: ar um movimento em direção oposta
- Page 113 and 114:
4. Um dos significados de territori
- Page 115 and 116:
Linguagem e poder... A começar do
- Page 117 and 118:
termos lingüísticos com a finalid
- Page 119 and 120:
da igreja/comprovante vai pro fogo/
- Page 122 and 123:
MODALIDADES CULTURAISDE LINGUAGEML
- Page 124 and 125:
Patrimônio oralNas unidades anteri
- Page 126 and 127:
Soltando o verboO provérbio é out
- Page 128 and 129:
Um traço marcante nas modalidades
- Page 130 and 131:
Certo de que a Caveira não o decep
- Page 132 and 133:
pre afirmam explicitamente uma verd
- Page 134 and 135:
cas em histórias e tradições. Do
- Page 136 and 137:
Mestre Lico: Tatu tá véio/ (coro)
- Page 138:
Utilizando outras modalidades na fa
- Page 141 and 142:
140 De olho na Cultura
- Page 143 and 144:
Os adornos corporais, os objetos ri
- Page 145 and 146:
uso de madeira, que era entalhada c
- Page 147 and 148:
Da África para o MundoPor muito te
- Page 149 and 150:
pectiva e a ilusão de profundidade
- Page 151 and 152:
Arte de MemóriaQuando o ser humano
- Page 153 and 154:
Cultura e identidade na arteNem tod
- Page 155 and 156:
África-Brasil - re/traduçãoNão
- Page 157 and 158:
técnica e expressão artística, c
- Page 159 and 160:
etratam suas lembranças de infânc
- Page 161 and 162:
Pérolas do BrasilTambém nos anos
- Page 163 and 164:
Afinal, o que é arte?Podemos aceit
- Page 165 and 166:
Para dar certo: Encha a bexiga até
- Page 167 and 168:
Caso esteja quebradiça, proceda da
- Page 169 and 170:
168 De olho na Cultura
- Page 171 and 172:
A cara negra da imprensaA imprensa
- Page 173 and 174:
Herbel e Tibério, o Teatro Experim
- Page 175 and 176:
Televisão em questãoA televisão,
- Page 177 and 178:
Em 1996, a Rede Manchete de Televis
- Page 179 and 180:
Cinema em preto e brancoNo Brasil d
- Page 181 and 182:
Luz, câmera... re/açãoA represen
- Page 183 and 184:
O papel da mídiana discussão étn
- Page 185 and 186:
etomado, mas também é generoso, p
- Page 187 and 188:
Capítulo 21. CARNEIRO, Sueli. Negr
- Page 189 and 190:
Capítulo 51. AREIAS, Almir. O que
- Page 191 and 192:
3. __________. “Colaboração, An
- Page 193 and 194:
5. RODRIGUES, João Carlos. O Negro
- Page 195 and 196:
194 De olho na Cultura
- Page 197:
Uma história do negro no Brasilde