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cultura 23 maio 06.pmd - Centro de Estudos Africanos da ...

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Luz, câmera... re/açãoA representação do negro no cinema brasileiro apresenta semelhançacom o que se vê na televisão, on<strong>de</strong>, em geral, as questõesétnico-raciais parecem não existir ou existir em um mundo à parte.João Carlos Rodrigues compilou os principais arquétiposrepresentados pelos personagens negros, que parecem se dividirbasicamente em dois grupos: o grupo dos bondosos, dóceis, alegrese servis e o grupo dos rebel<strong>de</strong>s.No primeiro grupo — o dos aceitos — estão tipos como: opreto-velho e a mãe-preta, que alimenta, zela e se sacrifica pelosinhozinho ou sinhazinha; o mártir, que sofre as tiranias do seusenhor calado para não prejudicar os <strong>de</strong>mais; o negro <strong>de</strong> alma brancaque, por benevolência do seu senhor, vive na casa-gran<strong>de</strong>, freqüentaa escola e é integrado na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> branca, apagando ounegando suas raízes étnicas; o nobre selvagem que não se conformacom a situação, mas parece impotente sem a aju<strong>da</strong> do branco.No segundo grupo se inserem os revoltados, que são ingratose impiedosos com o seu senhor; os malandros que ganhamvi<strong>da</strong> com pequenos golpes, estelionatos, furtos ou explorando suasmulheres; o negro e a negra sedutores, que se valem <strong>da</strong> sensuali<strong>da</strong><strong>de</strong>para conquistar os seus objetivos; o favelado que, ao contráriodo malandro, é um honesto subempregado que vive o ano inteiroesperando fevereiro para representar sua escola <strong>de</strong> samba e parecenão ambicionar sair <strong>da</strong> favela, porque lá estão os seus iguais.Caso não sobre espaço em nenhum <strong>de</strong>sses fortes grupos, onegro po<strong>de</strong> transitar entre os dois como uma espécie <strong>de</strong> bobo <strong>da</strong>corte, o cômico infantilizado e trapalhão, e para acentuar ain<strong>da</strong>mais esse traço, em geral fazendo par constante com o herói <strong>da</strong>história.Parece que não há outra saí<strong>da</strong>, um meio termo entre o conformismoe a marginali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Há sim. Po<strong>de</strong>mos crer que, embora a história oficial poucotenha registrado <strong>da</strong>s ações empreendi<strong>da</strong>s pelos negros, ações quepo<strong>de</strong>riam se refletir nas telas, não houve passivi<strong>da</strong><strong>de</strong> em relação aessa questão.180 De olho na Cultura

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