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cultura 23 maio 06.pmd - Centro de Estudos Africanos da ...

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leva também em conta o universo <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> imaterial.Em 1991,por exemplo, o governo do Estado <strong>de</strong> Goiás reconheceu umaárea on<strong>de</strong> vivem comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s negras chama<strong>da</strong>s Kalunga comopatrimônio <strong>cultura</strong>l brasileiro.Para alcançar a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um sistema que escravizavahomens e mulheres, os quilombolas necessitavam buscar proteçãoem lugares <strong>de</strong> difícil acesso. O próprio semi-isolamento físicopo<strong>de</strong> ter contribuído para a manutenção, até os dias atuais, <strong>de</strong>termos lingüísticos próprios e <strong>da</strong>s técnicas para a construção <strong>da</strong>scasas com recursos harmônicos com o ambiente. As festas Kalungatambém são formas <strong>de</strong> resguar<strong>da</strong>r tradições, pois mantiveram formas<strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> sentimentos religiosos, cultivaram o toquedos tambores, as <strong>da</strong>nças e cantigas, a confecção <strong>de</strong> adornos etc.Hoje, esses moradores vivem à beira do rio Paranã, on<strong>de</strong>outrora havia fartura <strong>de</strong> peixes. Contam que pescadores <strong>de</strong> fora,porém, costumavam entrar com o barco e levar gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<strong>de</strong>ixando apenas os peixes mais ariscos, que então passaram ase escon<strong>de</strong>r ca<strong>da</strong> vez mais fundo no rio. Os Kalunga dizem queper<strong>de</strong>ram terras para os fazen<strong>de</strong>iros grileiros. Terras on<strong>de</strong> plantavamalgodão. As mulheres que apanhavam o floquinho branquinhodo algodão, <strong>de</strong>scaroçando, esticando em fios postos no tearpara a produção <strong>de</strong> tecidos, estão <strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>ndo o ofício. Ca<strong>da</strong>vez mais os homens <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do emprego na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. O queganham é pouco e as bugigangas <strong>de</strong> baixa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> levam o ganhogeralmente conquistado com gran<strong>de</strong> esforço.Culturas singulares como a dos Kalunga, que sobrevive háséculos com seus modos <strong>de</strong> existir, também li<strong>da</strong>m com novos <strong>de</strong>safios.Algumas <strong>de</strong>las revertem o quadro <strong>de</strong> adversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicastrabalhando na agri<strong>cultura</strong> e preservando o que possuem <strong>de</strong>mais tradicional em termos <strong>de</strong> <strong>cultura</strong>: produtos agrícolas semagrotóxico. Esses produtos já começam a ser comprados por re<strong>de</strong>s<strong>de</strong> supermercado nas redon<strong>de</strong>zas.24 De olho na Cultura

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