a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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INTRODUÇÃO<br />
A noção de Hermenêutica, tradicionalmente, esteve relaciona<strong>da</strong> à arte <strong>da</strong><br />
interpretação, isto é, a sist<strong>em</strong>as interpretativos e mediações. Na Grécia antiga, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, os sofistas se utilizavam de analogias cosmológicas para recuperar e<br />
explicar os sentidos perdidos <strong>da</strong> epopeia homérica, assim como na I<strong>da</strong>de Média,<br />
quando se desenvolveu amplamente a exegese bíblica, os hermeneutas desse<br />
período desenvolveram níveis de interpretação que buscavam <strong>da</strong>r conta do<br />
significado mais literal ao mais simbólico. Nesse sentido, como se pode perceber,<br />
durante um longo período <strong>da</strong> história <strong>da</strong> Hermenêutica o explicar, subtilitas<br />
explicandi, era a ativi<strong>da</strong>de que mais caracterizava o ethos dessa disciplina<br />
humanística, pois ela estava a serviço de um projeto comum: vencer a alienação<br />
t<strong>em</strong>poral que separa o nosso mundo <strong>em</strong> relação aos dos textos.<br />
Entretanto, a partir <strong>da</strong> Hermenêutica romântica, houve uma revolução nas<br />
estruturas dessa disciplina, pois o teólogo e hermeneuta al<strong>em</strong>ão Schleiermacher<br />
promoveu uma uni<strong>da</strong>de entre a subtilitas intelligendi, compreensão, e subtilitas<br />
explicandi, a interpretação ou explicação, asseverando que esta última era apenas<br />
uma “estrutura” de explicitação <strong>da</strong> primeira, fato que tornou a compreensão a tônica<br />
dos estudos hermenêuticos. Além disso, esse filósofo transformou o pensamento<br />
hermenêutico numa filosofia geral, dissolvendo a reflexão <strong>em</strong> torno <strong>da</strong>s<br />
particulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s diversas práticas exegéticas, isto é, <strong>da</strong> Teologia, do Direito, etc.<br />
Soma-se a essas i<strong>nova</strong>ções, o fato de outro hermeneuta, Dilthey, ter dicotomizado a<br />
epist<strong>em</strong>ologia <strong>em</strong> ciência do espírito e <strong>da</strong> natureza, concepção que o levou a<br />
caracterizar a primeira do ponto de vista do saber, pela compreensão, e a segun<strong>da</strong>,<br />
pela explicação. Em outras palavras, esse filósofo expulsou radicalmente <strong>da</strong>s<br />
Humani<strong>da</strong>des o estatuto <strong>da</strong> explicação.<br />
Paralelo a isso, assistimos, no início do século XX, ao nascimento do método<br />
fenomenológico, concebido pelo filósofo al<strong>em</strong>ão Husserl, que se tornou uma<br />
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