a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
para a <strong>hermenêutica</strong> a consciência produtiva do distanciamento. De acordo com<br />
essa Hermenêutica, interpretar uma obra à luz <strong>da</strong> história e de seus efeitos torna a<br />
sua compreensão mais eficaz. Ga<strong>da</strong>mer chamou essa performance compreensiva<br />
de história dos efeitos, Wirkungsgeschichte, de acordo com Giovanni Reale & Dario<br />
Antiseri:<br />
É um conceito de importância fun<strong>da</strong>mental na <strong>teoria</strong> <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong><br />
proposta por Ga<strong>da</strong>mer. Escreve Ga<strong>da</strong>mer: “uma <strong>hermenêutica</strong><br />
adequa<strong>da</strong> deveria esclarecer a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> história também no<br />
próprio compreender”. Uma obra de arte, um romance, uma <strong>teoria</strong><br />
científica têm a sua “sorte”, produz<strong>em</strong> seus efeitos, proíb<strong>em</strong> algumas<br />
direções de pesquisa, desenvolv<strong>em</strong> outras, entrecruzam-se com<br />
algumas outras tradições etc. Isso nos faz entender que um objeto a<br />
interpretar não nos é <strong>da</strong>do <strong>em</strong> sua imediatez, mas a enfrentamos à<br />
luz <strong>da</strong> história dos efeitos. A Ilía<strong>da</strong> e Odisséia são obras pesquisa<strong>da</strong>s<br />
dentro dos desenvolvimentos <strong>da</strong> “questão homérica”, ou seja, dentro<br />
de interpretações e discussões doravante imprescindíveis na<br />
pesquisa sobre Homero. (REALE& ANTISERI, 2006, p. 254)<br />
Em consequência disso, a compreensão eficiente para o autor de Ver<strong>da</strong>de e<br />
Método é aquela na qual o horizonte atual, hermeneuticamente educado e situado<br />
no horizonte <strong>da</strong> tradição 9 , já que ele está <strong>em</strong> “constante formação”, abre-se num<br />
diálogo profícuo com os horizontes do passado, para que se estabeleça, como<br />
l<strong>em</strong>bra Norma Côrtes (2006), uma tradição de experiência pensante. Nessa fusão,<br />
um novo produto de sentido <strong>em</strong>erge, condicionalmente, fundidos, pois como ele<br />
l<strong>em</strong>bra: “A vigência <strong>da</strong> tradição é o lugar onde essa fusão se dá constant<strong>em</strong>ente,<br />
pois nela o velho e o novo s<strong>em</strong>pre cresc<strong>em</strong> juntos para uma validez vital, s<strong>em</strong> que<br />
um e outro chegu<strong>em</strong> a se destacar explicita e mutuamente. (GADAMER, 2008,<br />
p.404,405).<br />
Hans Georg Ga<strong>da</strong>mer, consciente de que Heidegger havia reabilitado <strong>da</strong><br />
viseira romântica os conceitos de pré-compreensão e tradição e que esses foram<br />
9 Segundo Palmer: A Hermenêutica de Ga<strong>da</strong>mer e a sua crítica à consciência histórica sustentam que<br />
o passado não é como um amontoado de factos que se possam tornar objeto de consciência; é antes<br />
um fluxo <strong>em</strong> que nos mov<strong>em</strong>os e participamos, <strong>em</strong> todo o acto de compreensão. A tradição não se<br />
coloca, pois, contra nós; ela é algo <strong>em</strong> que nos situamos e pelo qual existimos; <strong>em</strong> grande parte é um<br />
meio tão transparente que nos é inevitável – tão invisível como a água o é para o peixe. (PALMER,<br />
1969, p.180).<br />
43