a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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concepção do intérprete. Soma-se a essa mu<strong>da</strong>nça, o fato de Ga<strong>da</strong>mer ter<br />
reabilitado um antigo pressuposto hermenêutico: o aplicatio, que definitivamente,<br />
abriu novos caminhos para se pensar a ativi<strong>da</strong>de Hermenêutica.<br />
A partir de Ver<strong>da</strong>de e Método, a questão do apriorismo metodológico passa a<br />
ser substituído pela prática filosófica do aplicatio, ou seja, pela noção de que <strong>em</strong><br />
todo ato compreensivo deve-se levar <strong>em</strong> consideração a situação atual do intérprete.<br />
Segundo Ga<strong>da</strong>mer (2008), a antiga tradição <strong>hermenêutica</strong> dividia o probl<strong>em</strong>a<br />
hermenêutico <strong>em</strong> três subtilitas intelligendi, compreensão, subtilitas explicandi, a<br />
interpretação, e durante o pietismo foi introduzi<strong>da</strong> a subtilitas aplicanti, aplicação.<br />
Esses três componentes integravam a compreensão. No entanto, quando no<br />
período romântico houve a descoberta <strong>da</strong> “uni<strong>da</strong>de interna” <strong>da</strong> compreensão e <strong>da</strong><br />
interpretação, quando se descobriu que a interpretação era explicitação <strong>da</strong><br />
compreensão, o explicatio caiu no esquecimento. Desse modo, ao reabilitar o<br />
aplicatio, Ga<strong>da</strong>mer situa to<strong>da</strong> interpretação a sua historici<strong>da</strong>de.<br />
Essa conquista <strong>hermenêutica</strong> foi bastante prestigia<strong>da</strong> nos meios literários,<br />
nota<strong>da</strong>mente pelo estudioso Luiz Costa Lima, <strong>em</strong> seu ensaio Hermenêutica e<br />
abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> literária. Segundo o autor de Teoria <strong>da</strong> Literatura <strong>em</strong> suas Fontes:<br />
A aplicatio era elimina<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong> precedente porquanto<br />
se entendia, de acordo com o privilégio ao indivíduo-autor, que o<br />
papel de seu praticante consistia <strong>em</strong> reproduzir a produção<br />
autoral. Dessa maneira o interesse – i.e., quais são motivações na<br />
escolha de certo t<strong>em</strong>a, para não falar na escolha <strong>da</strong> própria<br />
disciplina - era tomado como inexistente ou irrelevante. E<br />
cont<strong>em</strong>porânea a esta posição o definir a experiência diante <strong>da</strong><br />
arte como um prazer desinteressado, uma finali<strong>da</strong>de s<strong>em</strong> fim.<br />
(LIMA, 1983, p. 80).<br />
Poderíamos já afirmar, neste ponto <strong>da</strong> discussão, que o fato de Ga<strong>da</strong>mer ter<br />
se ocupado d<strong>em</strong>asia<strong>da</strong>mente com a tradição e com a “coisa do texto” não deu a ele<br />
a oportuni<strong>da</strong>de de elaborar uma concepção de intérprete mais arroja<strong>da</strong>. Mas,<br />
segundo Luiz Costa Lima, a reabilitação do aplicatio, por esse filósofo foi<br />
fun<strong>da</strong>mental para desmistificar a ideia de uma cont<strong>em</strong>plação <strong>da</strong> arte apolítica e<br />
desinteressa<strong>da</strong>.<br />
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