a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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Em contraposição a essa “via curta”, Ricouer propõe uma “via longa”, na qual<br />
o acesso à dimensão ontológica <strong>da</strong> compreensão só seria possível através <strong>da</strong><br />
mediação <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>, pois para ele, é na linguag<strong>em</strong> que a ontologia <strong>da</strong><br />
compreensão se manifesta. Através dessa “via longa” ele se propunha a realizar<br />
uma analítica que abarcasse desde a epist<strong>em</strong>ologia <strong>da</strong> interpretação à ontologia <strong>da</strong><br />
compreensão. Segundo ele:<br />
Meu probl<strong>em</strong>a será precisamente o seguinte: o que ocorre a uma<br />
epist<strong>em</strong>ologia <strong>da</strong> interpretação, oriun<strong>da</strong> de uma reflexão <strong>da</strong><br />
exegese, sobre o método <strong>da</strong> história, sobre a psicanálise, sobre a<br />
fenomenologia <strong>da</strong> religião, etc., quando ela é atingi<strong>da</strong>, anima<strong>da</strong> e,<br />
se assim pod<strong>em</strong>os dizer, solicita<strong>da</strong> por uma ontologia <strong>da</strong><br />
compreensão?. (RICOUER, 1969, p.10).<br />
Como se pode perceber, pelo menos na fase <strong>da</strong> Hermenêutica de símbolos,<br />
esse hermeneuta não se preocupou apenas com a Hermenêutica dos textos<br />
escritos, mas com todos os símbolos <strong>da</strong> cultura, isto é, os sonhos, a mística<br />
religiosa, etc. Cônscio disso, fomentou a discussão <strong>em</strong> torno do método, já que ele<br />
intuía que os símbolos são essencialmente multívocos e, por isso, interpelam<br />
interpretação.<br />
Com essa diretriz de trabalho filosófico, ele reabilitou o probl<strong>em</strong>a dos métodos<br />
oriundos <strong>da</strong> exegese, isto é, <strong>da</strong>s práticas de interpretação de símbolos, discussão,<br />
aliás, de que Heidegger e Ga<strong>da</strong>mer não se ocuparam. Mas, por outro lado, como<br />
pod<strong>em</strong>os ver, na plataforma de seu trabalho filosófico, Ricouer leva a sério, apesar<br />
<strong>da</strong>s ressalvas, a questão <strong>da</strong> ontologia <strong>da</strong> compreensão, pois, segundo ele o seu<br />
trabalho hermenêutico possui como telos (meta): uma ontologia. Entretanto, a sua<br />
ontologia é quebra<strong>da</strong>, já que, para o autor do Conflito <strong>da</strong>s Interpretações, ca<strong>da</strong><br />
existente, <strong>em</strong> sua performance <strong>hermenêutica</strong>, aponta <strong>em</strong> direção a um modo de Ser,<br />
dentre tantos outros. Além disso, essa performance revela-nos uma íntima relação<br />
ontológica entre os estilos hermenêuticos e os desejos e esforços <strong>da</strong>s consciências<br />
dos existentes de se tornar<strong>em</strong> ca<strong>da</strong> vez mais conscientes. Desse modo, para esse<br />
filósofo, é só através <strong>da</strong> refletivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> consciência, fomenta<strong>da</strong> pelas diversas<br />
ontologias <strong>hermenêutica</strong>s, que se pode vislumbrar uma compreensão ontológica.<br />
Como l<strong>em</strong>bra Sérgio de Gouvêa Franco:<br />
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