a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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espiritual-ontológico), no qual o primeiro por acréscimo designa o segundo, que, por<br />
sua vez, só pode ser designado pelo primeiro. Segundo Franco, para o filósofo<br />
francês:<br />
Os símbolos são primeiramente signos, ou seja, transmit<strong>em</strong> uma<br />
mensag<strong>em</strong>, uma mensag<strong>em</strong> verbal. O símbolo carrega dentro de si<br />
uma palavra. Mas os símbolos são um tipo especial de signo. O<br />
signo aponta para algo fora de si mesmo, que ele representa e<br />
substitui. O símbolo, por sua vez, é duplamente intencional, ele t<strong>em</strong><br />
uma intenção segun<strong>da</strong>, posterior e distante. A relação entre sentido<br />
literal e o sentido propriamente simbólico, secundário, ultrapassa o<br />
campo <strong>da</strong> analogia. A relação é interna e difícil. (FRANCO, 1995,<br />
p.56)<br />
O símbolo, para o autor de O Conflito <strong>da</strong>s Interpretações, não se limita à<br />
simples tradução analógica, como durante muito t<strong>em</strong>po se atribuiu à metáfora, mas,<br />
que pelo contrário, ele t<strong>em</strong> o poder de evocar uma multiplici<strong>da</strong>de de coisas, <strong>em</strong><br />
outras palavras, o símbolo é inesgotável.<br />
Ao constatar o poder de significação dos símbolos, Ricouer reconhece na<br />
cultura algumas “regiões” privilegia<strong>da</strong>s <strong>em</strong> seu poder de manifestar a equivoci<strong>da</strong>de<br />
do símbolo. Para ele, essas “regiões” se identificam, por ex<strong>em</strong>plo, com os símbolos<br />
cósmicos dos quais a fenomenologia <strong>da</strong> religião se ocupa, o simbolismo onírico<br />
tratado pela psicanálise e as criações verbais do poeta, lócus já feito por si só do<br />
terreno <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>. No que se refere à literatura, essa noção de símbolo está <strong>em</strong><br />
sintonia com a concepção de literatura como linguag<strong>em</strong> satura<strong>da</strong> de sentidos como<br />
encontramos, por ex<strong>em</strong>plo, na definição de Ezra Pound (2007), pois segundo este<br />
poeta e crítico, a Literatura é “linguag<strong>em</strong> carrega<strong>da</strong> de significado”.<br />
Ao seguir essa definição de símbolo, o autor de O Conflito <strong>da</strong>s Interpretações<br />
elabora uma lógica segundo a qual a presença de símbolo multívoco implica na<br />
interpelação <strong>da</strong> interpretação e vice-versa, o que, consequent<strong>em</strong>ente, condiciona os<br />
probl<strong>em</strong>as postos pelos símbolos às exegeses interpretativas. É justamente nessa<br />
reversibili<strong>da</strong>de que se inicia a fragmentação, o recorte do símbolo que os estilos<br />
hermenêuticos promov<strong>em</strong>, objetivando tornar o sentido multívoco do símbolo <strong>em</strong><br />
sentido unívoco de acordo com a sua lógica simbólica, ou melhor, com a sua “grelha<br />
de leitura”, <strong>em</strong>bora a equivoci<strong>da</strong>de do símbolo seja irredutível a tais lógicas. Como<br />
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