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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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varie<strong>da</strong>de <strong>em</strong> que as coisas se apresent<strong>em</strong> ao mundo perceptivo. Como ex<strong>em</strong>plo<br />

disso, poderíamos pensar que independente de um círculo ser traçado por um<br />

compasso ou por uma criança que, minimamente, saiba o conceito dessa figura<br />

geométrica, iríamos reconhecê-lo como um círculo, porque já possuímos uma<br />

intuição <strong>da</strong> essência, que, para a <strong>teoria</strong> de Husserl, segundo André Dartigues<br />

(2010), não a adquirimos do mundo <strong>da</strong>s essências como queria Platão, mas do<br />

mundo inteligível <strong>da</strong> consciência. Devido a isso, pode-se caracterizar essa<br />

Fenomenologia de mentalista, já que ela deposita na consciência a orig<strong>em</strong> do<br />

sentido.<br />

Husserl, que começa a vi<strong>da</strong> intelectual como mat<strong>em</strong>ático, encontrará as<br />

bases de seu pensamento nas mat<strong>em</strong>áticas e entre os místicos. De acordo com<br />

Alfredo Bosi, <strong>em</strong> A Fenomenologia do Olhar, a despeito de outras formas de olhares<br />

filosóficos há aquele que:<br />

[...] Pode conceber, <strong>em</strong> vez do plural vertiginoso, o uno. Em vez <strong>da</strong><br />

dispersão que atordoa, a concentração. Em vez de milhões de<br />

partículas mutantes, um Ser primordial, que a tudo precede e a tudo<br />

transcende, Uno-Todo. Essa uni<strong>da</strong>de, difícil de apreender na<br />

saraban<strong>da</strong> dos fenômenos, poderá ser conheci<strong>da</strong> pela experiência<br />

interior. É a mente que se espelha e se confirma na sua eterna<br />

identi<strong>da</strong>de consigo mesma. Fora, no mundo, há também um caminho<br />

para o uno: é o que se trilha meditando sobre as proprie<strong>da</strong>des<br />

imutáveis <strong>da</strong>s coisas mutáveis. A forma, que a geometria extrai e<br />

desenha. O número, que a mat<strong>em</strong>ática determina. (BOSI, 1993,<br />

p.70)<br />

Essa forma de “olhar que transcende o olho” foi primeiramente gesta<strong>da</strong>,<br />

segundo Bosi (1993), pelos órficos e pitagóricos que conservavam o apelo místico e<br />

o “corte mat<strong>em</strong>ático” e, posteriormente, elaborado pela dialética de Platão. Nesse<br />

sentido, não é difícil reconhecer a filiação <strong>da</strong> Fenomenologia de Husserl a essa<br />

família de pensadores essencialistas. Além disso, não dev<strong>em</strong>os esquecer que a<br />

intuição, forma de conhecimento bastante prestigia<strong>da</strong> na obra do pai <strong>da</strong><br />

fenomenologia, teve a sua efervescência, segundo Hessen (2003), a partir <strong>da</strong> obra<br />

de Santo Agostinho, ou seja, <strong>da</strong> mística medieval que defendia à revelia do<br />

intelectualismo dos escolastas, o direito à intuição como uma forma de<br />

conhecimento teológico imediato, através de visões interiores e experiências<br />

subjetivas. Daí a razão <strong>da</strong> Fenomenologia de Husserl ser, primordialmente,<br />

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