12.04.2013 Views

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

esforço. 19 Ricouer nos ensina, portanto, que a consciência é um horizonte a ser<br />

perseguido, ou melhor, é uma Terra Prometi<strong>da</strong>. Essas noções de existência foram<br />

her<strong>da</strong><strong>da</strong>s, <strong>em</strong> parte, do Personalismo de Emmanuel Mounier, pois segundo esse<br />

filósofo:<br />

Vê-se, desde já, o paradoxo central <strong>da</strong> existência pessoal. Ela é o<br />

modo genuinamente humano <strong>da</strong> existência; no entanto, deve ser<br />

incessamente conquista<strong>da</strong>; a própria consciência só lentamente se<br />

desprende do mineral, <strong>da</strong> planta e do animal que pesam <strong>em</strong> nós. A<br />

história <strong>da</strong> pessoa será, pois, paralela à história do personalismo.<br />

Não se desenrolará apenas no plano <strong>da</strong> consciência, mas, <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a<br />

sua amplidão, no plano do esforço humano por humanizar a<br />

humani<strong>da</strong>de. (MOUNIER, 2007, p.11).<br />

Esse “humanizar a nossa humani<strong>da</strong>de”, na <strong>teoria</strong> do autor do Conflito <strong>da</strong>s<br />

Interpretações, está relacionado a uma compreensão ontológica, isto é, ao<br />

entendimento do significado figurado <strong>da</strong>s obras simbólicas <strong>da</strong> cultura que só pode<br />

<strong>em</strong>ergir através do trabalho do pensamento, <strong>em</strong> especial <strong>da</strong> reflexivi<strong>da</strong>de, pois,<br />

como l<strong>em</strong>bra Ricoeur, o símbolo dá o que pensar. Daí o motivo <strong>da</strong> <strong>teoria</strong><br />

<strong>hermenêutica</strong> desse filósofo não desconsiderar a contribuição <strong>da</strong> epist<strong>em</strong>ologia <strong>da</strong><br />

interpretação, pois, segundo ele, é ela que alimenta a reflexão. Por isso, quando o<br />

nosso “Si” se pergunta, por ex<strong>em</strong>plo, sobre a arquitetura verbal do po<strong>em</strong>a de João<br />

Cabral de Melo Neto e desenvolve uma “sintaxe estrutural” do po<strong>em</strong>a de Cabral,<br />

mostra-se a “dependência” do pensamento hermenêutico à ontologia <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>sist<strong>em</strong>a<br />

do Estruturalismo, tal como, quando o nosso “Si” se pergunta pela ausência<br />

<strong>da</strong> figura f<strong>em</strong>inina nos po<strong>em</strong>as de Fernando Pessoa e desenvolve uma análise<br />

desse recalque, ele sela a sua dependência com a arqueologia do sujeito <strong>da</strong><br />

Psicanálise. A esse respeito, l<strong>em</strong>bra-nos Paul Ricouer: “é desenvolvendo uma<br />

arqueologia, uma teleologia e uma escatologia que a reflexão se suprime como<br />

19 De acordo com Paulo Matos Peixoto (2003), <strong>em</strong> seu livro Mitologia Grega, quando a deusa Afrodite<br />

nasceu os deuses deram um festa, na qual estava presente Póros (Recurso), filho <strong>da</strong> Prudência. Ao<br />

fin<strong>da</strong>r a festa, Pênia (Pobreza) viera esmolar as sobras <strong>da</strong>s comi<strong>da</strong>s, quando avistou Póros dormindo<br />

aborrotado de néctar no jardim e “dormiu” com ele objetivando ter um filho com ele, “por causa de sua<br />

falta de recurso”, que de fato vingou e se chamou Eros (Amor). De acordo com esse fun<strong>da</strong>mento do<br />

mito de nascimento de Eros, Paul Ricouer fundou a sua concepção de existência uma dialética entre<br />

a falta, indigência (Pênia) e o dinamismo progressivo (Póros).<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!