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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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Para Heidegger, o que transforma a pintura dos sapatos de um camponês <strong>em</strong><br />

arte, por ex<strong>em</strong>plo, no célebre quadro de Van Gogh, não é a mimesis, propriamente,<br />

dita; mas um acontecer do desvelamento, pois segundo ele:<br />

No quadro de Van Gogh acontece a ver<strong>da</strong>de. Isso não significa<br />

que aqui algo existente tenha sido reproduzido corretamente, mas,<br />

sim, no processo de manifestação do ser-utensílio do utensíliosapato,<br />

o sendo no todo, Mundo e Terra no seu jogo de<br />

oposições, chega ao desvelamento. (HEIDEGGER, 2010, p.141)<br />

De acordo com Benedito Nunes, na produção desse <strong>em</strong>bate entre a Terra e o<br />

Mundo, não se faz necessário produzir um ente para tal fim, mas alcançar a abertura<br />

do Ser num ente já existente, uma vez que para Heidegger a arte t<strong>em</strong> um<br />

comprometimento com a própria existência. Isso não quer dizer que ele tenha uma<br />

concepção realista de obra de arte, mas que o estranhamento <strong>da</strong> obra de arte se dá<br />

no sendo do contexto do mundo <strong>da</strong> obra e não devido à mimesis.<br />

Nessa referência de Heidegger ao quadro de Van Gogh fica claro que as<br />

“teias” do círculo hermenêutico se fecham na obra para abrir um horizonte. Em<br />

outras palavras, só saber<strong>em</strong>os o “Ser” que se desvela por traz do “símbolo” do<br />

sapato do camponês pintado por Van Gogh se nos deixarmos envolver pela teia de<br />

referenciali<strong>da</strong>de que circunscreve essa coisa, sapato, no quadro. Só a partir <strong>da</strong>í<br />

pod<strong>em</strong>os perceber a fala inaugural por ela simboliza<strong>da</strong>, ou seja, a fadiga, a labuta,<br />

etc. que envolv<strong>em</strong> a vi<strong>da</strong> do camponês. Segundo Heidegger:<br />

Quanto mais solitária a obra, estabeleci<strong>da</strong> na figura, permanece <strong>em</strong><br />

si, quanto mais puramente parece romper to<strong>da</strong>s as referências com<br />

os homens, tanto mais facilmente o impulso do <strong>em</strong>bate, que tal obra<br />

é, entra no aberto, tanto mais essencialmente o extra-ordinário<br />

irrompe e o que aparece até aqui como ordinário-habitual se anula.<br />

Mas este impelir para o <strong>em</strong>bate múltiplo na<strong>da</strong> t<strong>em</strong> de violento; pois<br />

quanto mais puramente a própria obra está arrebata<strong>da</strong> para a<br />

abertura do sendo aberta por ela própria, tanto mais facilmente nos<br />

lança nessa abertura e nos retira, ao mesmo t<strong>em</strong>po, do habitual.<br />

Seguir este deslocamento quer dizer: transformar as referências<br />

habituais com o mundo e com a Terra e, desde então, suspender-se<br />

todo o fazer e avaliar, conhecer e olhar corriqueiros, para<br />

permanecer na ver<strong>da</strong>de que acontece na obra. (HEIDEGGER, 2010,<br />

p.169)<br />

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