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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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Fica claro que, para Ga<strong>da</strong>mer, o sentido <strong>da</strong> obra é resultado de nossa<br />

experiência concreta com ela e não resultado de abstrações estéticas. Nesse ponto,<br />

há uma convergência explícita <strong>da</strong>s ideias de Ga<strong>da</strong>mer com as de Heidegger. No<br />

capítulo “A destruição <strong>da</strong> estética e a moderni<strong>da</strong>de”, do livro Hermenêutica e Poesia<br />

de Benedito Nunes (2007), t<strong>em</strong>os acesso à antipatia de Heidegger pela abstração<br />

estética, que, segundo ele, representava o fenôn<strong>em</strong>o de uma “subjetivação<br />

generaliza<strong>da</strong>”. Esse filósofo, para além <strong>da</strong> abstração subjetivista, defendia a<br />

vivência, a participação do intérprete com a obra <strong>em</strong> si, pois é diretamente nela que<br />

se dá o acontecer <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, desvelamento que o poeta, ontologicamente,<br />

deposita na linguag<strong>em</strong>. Para o autor de Ser e T<strong>em</strong>po, segundo Nunes: “A linguag<strong>em</strong><br />

é o limite, o limiar de to<strong>da</strong> experiência e, consequent<strong>em</strong>ente, também <strong>da</strong> arte cujo<br />

produzir requer a prévia situação de intercurso verbal.” (p.118).<br />

Em relação ao intérprete, o autor de Ver<strong>da</strong>de e Método não reserva a ele<br />

nenhuma enti<strong>da</strong>de personalista, mas o toma como uma eficácia que serve à<br />

compreensão do texto. Como pod<strong>em</strong>os ver <strong>em</strong> artigo de 1983:<br />

O intérprete deve superar o el<strong>em</strong>ento estranho que impede a<br />

inteligibili<strong>da</strong>de de um texto. Faz-se mediador quando (o discurso)<br />

não pode realizar sua missão de ser escutado e compreendido. O<br />

intérprete não t<strong>em</strong> outra função que a de desaparecer uma vez<br />

alcança<strong>da</strong> a compreensão. O discurso do intérprete não é um<br />

texto, mas serve ao texto. Isso não significa, porém, que a<br />

contribuição do intérprete se esgote no modo de escutar o texto.<br />

Essa contribuição não é t<strong>em</strong>ática, não objetivável como texto, mas<br />

está incorporado ao texto. (GADAMER, 2009, p.405)<br />

Nessa declaração de Ga<strong>da</strong>mer fica explícita a ontologia máxima prega<strong>da</strong> por<br />

Ver<strong>da</strong>de e Método: o Ser para o texto. Se, para Heidegger, a existência autêntica<br />

<strong>em</strong> Ser e T<strong>em</strong>po se confunde com o ser-para-a-morte, Ga<strong>da</strong>mer se aproxima, mas<br />

do segundo Heidegger, ao fincar na linguag<strong>em</strong> a “casa” do Ser. E esse<br />

descolamento <strong>da</strong> probl<strong>em</strong>ática do intérprete e <strong>da</strong>s técnicas de interpretação para a<br />

dimensão <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> e <strong>da</strong> ontologia que os paradigmas ontológico-históricos,<br />

promovidos por Heidegger e Ga<strong>da</strong>mer, contribuíram para um redimensionamento <strong>da</strong><br />

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