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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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[...] A tese fun<strong>da</strong>mental desta obra (Ser e T<strong>em</strong>po) sustenta<br />

firm<strong>em</strong>ente a cópula enuncian<strong>da</strong> pelo título. Quer dizer: <strong>em</strong><br />

Heidegger, ser é t<strong>em</strong>po. Raciocínio cuja analogia não se aplicaria ao<br />

entendimento <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong> ga<strong>da</strong>meriana. Porque, a rigor, n<strong>em</strong> o<br />

método é caminho, fun<strong>da</strong>mento ou mora<strong>da</strong> <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de; n<strong>em</strong> ver<strong>da</strong>de<br />

consiste num substantivo f<strong>em</strong>inino singular que guar<strong>da</strong> clara e<br />

inequívoca uni<strong>da</strong>de de sentido. (CORTÊS, 2005, p.7).<br />

Com isso, Ga<strong>da</strong>mer foge às pretensões de cientifici<strong>da</strong>de postas pelo método<br />

positivo e rejeita ao mesmo t<strong>em</strong>po uma noção de ver<strong>da</strong>de enquanto substância<br />

inequívoca. Na reali<strong>da</strong>de, o autor de Ver<strong>da</strong>de e Método busca unir, <strong>em</strong> sua <strong>teoria</strong><br />

<strong>hermenêutica</strong>, o “sendo” <strong>da</strong> ontologia de Heidegger ao esforço de uma apropriação<br />

“autêntica” desse “sendo” a partir de nosso horizonte histórico finito e situado.<br />

Segundo Palmer (1969), a abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> escolhi<strong>da</strong> por Ga<strong>da</strong>mer está próxima de uma<br />

dialética socrática, isto é, distante de um apriorismo metodológico, mas próximo de<br />

um jogo de perguntas e respostas ao longo <strong>da</strong> repercussão <strong>da</strong> obra ao longo do<br />

t<strong>em</strong>po.<br />

Embora percebamos esses acentos particulares de Ga<strong>da</strong>mer à sua<br />

probl<strong>em</strong>ática <strong>hermenêutica</strong>, não pod<strong>em</strong>os desconsiderar que ela só foi possível,<br />

devido à revolução <strong>em</strong>preendi<strong>da</strong> por seu antigo mestre. Nesse sentido,<br />

entusiasmado com as ideais de Heidegger, sobretudo aquelas relaciona<strong>da</strong>s à<br />

“despsicologização <strong>da</strong> Hermenêutica”, à “t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de” e à “pré-compreensão”, o<br />

autor de Ver<strong>da</strong>de e Método arrojou as ideias do autor de Ser e T<strong>em</strong>po com a sua “<br />

consciência histórica” e as recolocou de uma maneira menos “radical”.<br />

No que se refere à despsicologização <strong>da</strong> Hermenêutica, sab<strong>em</strong>os que essa<br />

i<strong>nova</strong>ção t<strong>em</strong> a sua orig<strong>em</strong> com o corte que Heidegger promoveu com as<br />

<strong>hermenêutica</strong>s psicológicas, pratica<strong>da</strong>s por Dilthey e Schleirmacher, que<br />

ambicionavam, no exercício hermenêutico, conhecer o autor melhor do que ele<br />

mesmo. Essa transla<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Psicologia para o mundo orientou ca<strong>da</strong> vez mais as<br />

reflexões <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> historici<strong>da</strong>de. Tal reviravolta, por sua vez, encorajou Ga<strong>da</strong>mer<br />

a traçar uma vertente pauta<strong>da</strong> na historici<strong>da</strong>de e na “coisa do texto”, mu<strong>da</strong>ndo o<br />

fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> compreensão <strong>da</strong> consciência do autor para a eficácia ou ação<br />

histórica, ou melhor, para a potência que as “obras” possu<strong>em</strong>, <strong>em</strong> varia<strong>da</strong>s épocas,<br />

de instaurar um diálogo entre os horizontes do presente e do passado, o que trouxe<br />

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