a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
o autor de Ver<strong>da</strong>de e Método desenvolve a noção de a “coisa do texto”, isto é, a<br />
obra de arte <strong>em</strong> si.<br />
Esse filósofo, <strong>em</strong> sua leitura de Ser e T<strong>em</strong>po, parte do seguinte fragmento de<br />
Heidegger, que explicita a noção do círculo hermenêutico heideggeriano, para<br />
construir a sua <strong>teoria</strong>:<br />
Embora possa ser tolerado, o círculo não deve ser degra<strong>da</strong>do a<br />
círculo vicioso. Ele esconde uma possibili<strong>da</strong>de positiva do<br />
conhecimento mais originário, que, evident<strong>em</strong>ente, só será<br />
compreendi<strong>da</strong> de modo adequado quando ficar claro que a<br />
tarefa primordial, constante e definitiva <strong>da</strong> interpretação<br />
continua sendo não permitir que a posição prévia, a visão<br />
prévia e a concepção prévia (Vorhabe, Vorsicht, Vorbegriff) lhe<br />
sejam impostas por intuições ou noções populares. Sua tarefa<br />
é antes, assegurar o t<strong>em</strong>a científico, elaborando esses<br />
conceitos a partir <strong>da</strong> coisa, ela mesma. (GADAMER, 2008,<br />
p.355)<br />
Percebe-se a partir dessa seleção do pensamento heideggeriano por<br />
Ga<strong>da</strong>mer, que o autor de Ver<strong>da</strong>de e Método põe <strong>em</strong> relevo determinados pontos do<br />
círculo hermenêutico de Heidegger. Ga<strong>da</strong>mer evidencia, nota<strong>da</strong>mente, as<br />
implicações do intérprete com o seu objeto de interpretação, ou melhor, com a<br />
questão <strong>da</strong> volta “às coisas <strong>em</strong> si” <strong>da</strong> Fenomenologia. Fato que o conduz a levar a<br />
sério a obra de arte concreta.<br />
Como vimos, para a Hermenêutica filosófica de Ga<strong>da</strong>mer não cabe ao<br />
hom<strong>em</strong>, ente finito e situado, pôr as últimas questões, mas n<strong>em</strong> por isso, como<br />
l<strong>em</strong>bra o autor de Ver<strong>da</strong>de e Método, ele deve deixar de reivindicar um sentido<br />
possível que satisfaça o seu aqui e o agora. Desse modo, <strong>em</strong>bora Ga<strong>da</strong>mer celebre<br />
o conceito de pré-compreensão, adverte que no exercício hermenêutico não<br />
dev<strong>em</strong>os ficar escravos dessas pré-concepções, mas dirigi-las à alteri<strong>da</strong>de <strong>da</strong> obra,<br />
ou melhor, à pergunta que ela nos coloca <strong>em</strong> forma de resposta, já que o autor<br />
celebra uma consciência educa<strong>da</strong> para ouvir a “fala” <strong>da</strong> tradição. De acordo com<br />
isso, impelidos por essa latência <strong>da</strong> obra e pelo nosso horizonte t<strong>em</strong>poral,<br />
produzimos um sentido dentre outros possíveis, já que essa lógica entre pergunta e<br />
resposta é um continum na existência t<strong>em</strong>poral <strong>da</strong> obra, formando o seu ser, ou<br />
melhor, a sua história de efeito. Daí a orig<strong>em</strong> do fun<strong>da</strong>mento máximo de Ga<strong>da</strong>mer<br />
47