a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
o situa no interior de uma existência finita e vulnerável, mas s<strong>em</strong>pre<br />
inquieta, interrogante. (BOSI, 2003, p.80).<br />
De acordo com essa lógica anti-racionalista, Heidegger desenvolve um<br />
argumento <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> motivação <strong>da</strong> compreensão que extrapola o horizonte<br />
especulativo. Para esse filósofo, o que liga o hom<strong>em</strong>, por ex<strong>em</strong>plo, às coisas não é<br />
o entendimento, mas a Sorgen (cui<strong>da</strong>do), ou seja, a nossa ocupação com os entes<br />
(coisas), que nos orienta, hermeneuticamente, na vi<strong>da</strong> cotidiana; assim, como o<br />
humor <strong>da</strong> preocupação (Bersogen), exclusiva <strong>da</strong> existência autêntica, que nos<br />
motiva a libertar o Ser para a sua dimensão mais autêntica. Desse modo, deve ficar<br />
claro que para Heidegger o compreender está implicado com o humor, fato que o<br />
autor não cansa de explicitar <strong>em</strong> Ser e T<strong>em</strong>po. Segundo Ga<strong>da</strong>mer:<br />
Heidegger substitui o conceito de subjetivi<strong>da</strong>de pelo conceito de<br />
cui<strong>da</strong>do. Nessa posição, contudo, fica claro que o outro só é visado<br />
com isso à marg<strong>em</strong> e <strong>em</strong> uma perspectiva unilateral. Assim,<br />
Heidegger fala de cui<strong>da</strong>do (Sorge) e também de preocupação<br />
(Fürsorge). No entanto, a preocupação conquista nele o acento<br />
especial, com o qual ele denominou a preocupação propriamente dita<br />
de uma “preocupação libertadora”. A expressão indica o que está <strong>em</strong><br />
questão com ela. A ver<strong>da</strong>deira preocupação não é um cui<strong>da</strong>r do<br />
outro, mais um liberar o outro para o seu próprio ser-si-mesmo – <strong>em</strong><br />
contraposição a um cui<strong>da</strong>do com outro que lhe satisfizesse to<strong>da</strong>s as<br />
suas necessi<strong>da</strong>des e que quisesse lhe retirar o cui<strong>da</strong>do próprio ao<br />
ser-aí.(GADAMER, 2009, p.108).<br />
Outra noção importante na Hermenêutica fenomenológica de Heidegger que<br />
v<strong>em</strong> a corroborar a dissidência do filófoso com o pensamento racionalista é a noção<br />
de sentido. Comumente, quando falamos <strong>em</strong> sentido costumamos relacionar esse<br />
termo à descoberta racional de algo. Mas, a partir <strong>da</strong> <strong>teoria</strong> heideggeriana, o sentido<br />
tornou-se um sustentáculo <strong>da</strong> compreensão porque ele faz parte de nossa estrutura<br />
prévia. Segundo Heidegger: Sentido é a perspectiva na qual se estrutura o projeto<br />
pela posição prévia, visão prévia e concepção prévia. É a partir dela que algo se<br />
torna compreensível como algo. (HEIDEGGER, 2009, p.213)<br />
Assim, Heidegger, através de suas noções revolucionárias de humor<br />
compreensivo e de sentido aliado à Hermenêutica romântica deflagrou o último<br />
33