a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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estritamente reflexiva, pois segundo ele: “Assim como o não-especialista não<br />
compreende os mais recentes desenvolvimentos <strong>da</strong> física nuclear, assim também o<br />
profano não apreende a pintura ou a música modernas muito complexas.”<br />
(ADORNO, 2008, p.354). Essa posição de Adorno, de certo modo, contrariava os<br />
propósitos de Jauss de erigir uma experiência estética pauta<strong>da</strong> na comunicação<br />
artística, no prazer estético e na <strong>em</strong>ancipação do leitor <strong>em</strong> sua dimensão estética e<br />
ética. Esse projeto levou-o a recorrer à dialética goethiana dos juízos estéticos,<br />
como pod<strong>em</strong>os constatar nas últimas frases de seu ensaio O Prazer Estético e as<br />
Experiências Fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> Poiesis, Aisthesis e Katharsis: “Há três classes de<br />
leitores: o primeiro, o que goza s<strong>em</strong> julgamento, o terceiro, o que julga s<strong>em</strong> gozar, o<br />
intermediário, que julga gozando e goza julgando, é o que propriamente recria a<br />
obra de arte.” (2002, p.103). Nesse sentido, o Humanismo de Jauss foi além dos<br />
pressupostos de alteri<strong>da</strong>de que ele aprendeu com Ga<strong>da</strong>mer, isto é, com aquela<br />
noção que o momento atual do intérprete torna-se imprescindível para evocar um<br />
“tu” do passado, pois a categoria do “leitor explícito”, criado por ele, que transforma a<br />
linguag<strong>em</strong> <strong>em</strong> mundo, reivindicou de sua <strong>teoria</strong> uma alteri<strong>da</strong>de mais profun<strong>da</strong> entre<br />
o “eu” e o “objeto”. Segundo Luiz Costa Lima, <strong>em</strong> Jauss:<br />
A experiência estética, portanto, consiste no prazer originado <strong>da</strong><br />
oscilação entre o eu e o objeto, oscilação pela qual o sujeito se<br />
distancia interessa<strong>da</strong>mente de si, aproximando-se do objeto, e se<br />
afasta interessa<strong>da</strong>mente do objeto, aproximando-se de si. Distanciase<br />
de si, de sua cotidiani<strong>da</strong>de, para estar no outro, mas não habitar o<br />
outro, como na experiência mística, pois o vê a partir de si. (LIMA,<br />
2002, p.47)<br />
Isso comprova que por trás <strong>da</strong> dimensão macro <strong>da</strong> metodologia de estudo<br />
cria<strong>da</strong> por Jauss, na qual, grosso modo, t<strong>em</strong>os acesso às respostas dos leitores<br />
coletiviza<strong>da</strong>s, o que facilmente a confunde com uma sociologia <strong>da</strong> leitura, 16 há um<br />
16<br />
Vale ilustrar a entrevista de Luiz Costa Lima concedeu à revista Ipotesi: P- O Sr. Foi o introdutor<br />
<strong>da</strong>s <strong>teoria</strong>s al<strong>em</strong>ãs cont<strong>em</strong>porâneas no Brasil, mais especificamente a <strong>teoria</strong> do efeito estético de<br />
Wolfgang Iser e a estética <strong>da</strong> <strong>recepção</strong> de Hans Robert Jauss. Qual o legado desse pensamento que<br />
redimensionou o papel do leitor no horizonte dos estudos literários? R- Meu interesse maior s<strong>em</strong>pre<br />
foi por Wolfgang Iser, de qu<strong>em</strong> tenho a honra de haver sido ou o tradutor ou o responsável por<br />
traduções de livros seus. Jauss era um excelente leitor e um excelente historiador <strong>da</strong> literatura. Mas<br />
nunca teve uma dimensão teórica. Por isso mesmo a <strong>teoria</strong> <strong>da</strong> <strong>recepção</strong> com facili<strong>da</strong>de recai <strong>em</strong> uma<br />
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