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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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No sentido aqui proposto, tanto A Nova Hermenêutica quanto a<br />

Fenomenologia de Husserl legaram ao século XX novos ethos à interpretação e à<br />

compreensão, reali<strong>da</strong>de que não tardou a chegar aos Estudos Literários,<br />

principalmente no que se refere à <strong>teoria</strong> <strong>da</strong> <strong>recepção</strong>.<br />

De acordo com tal perspectiva, a partir do conceito de leitor implícito, nascido<br />

de uma fusão entre a Fenomenologia e o Formalismo, constatamos que o evento <strong>da</strong><br />

compreensão-interpretação, isto é, <strong>da</strong> <strong>recepção</strong>, constituiu-se na imag<strong>em</strong> de um<br />

leitor regionalizado na consciência que doa às tessituras estéticas as suas<br />

significações presentes e ausentes. Dessa forma, a criação de Ingarden de<br />

orientação mentalista cria o estatuto de uma <strong>recepção</strong> literária <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente<br />

estética.<br />

A sugestão do leitor implícito foi amplamente recebi<strong>da</strong> pela escola de<br />

Konstanz na Al<strong>em</strong>anha, nota<strong>da</strong>mente pelos teóricos Wolfgang Iser e Hans Robert<br />

Jauss. Interessa-nos, particularmente, a apropriação desse conceito feita por Jauss,<br />

pois ele soube integrá-lo à noção de leitor explícito, isto é, a enti<strong>da</strong>de leitora capaz<br />

de fazer a transposição <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> <strong>da</strong> obra para a do mundo.<br />

Evident<strong>em</strong>ente, Jauss conseguiu <strong>da</strong>r o passo do leitor implícito para o<br />

explícito, por causa <strong>da</strong>s sugestões <strong>da</strong> Nova Hermenêutica, que defendia a<br />

mun<strong>da</strong>lização <strong>da</strong> compreensão. Por esta razão, certamente, s<strong>em</strong> a posse desta<br />

noção, o seu projeto não teria sido possível. Fiel às convicções de seu antigo<br />

professor, Hans-Georg Ga<strong>da</strong>mer, o mentor <strong>da</strong> Teoria <strong>da</strong> Recepção não via no<br />

método a “ver<strong>da</strong>de”, por isso apostou, como o autor de Ver<strong>da</strong>de e Método, <strong>em</strong> uma<br />

dialética socrática na qual o jogo de pergunta e de resposta faria <strong>em</strong>ergir como num<br />

evento as questões estéticas e éticas que o t<strong>em</strong>a <strong>da</strong> obra suscita.<br />

Poderíamos argumentar contra a tese de Terry Eagleton de que o leitor<br />

fenomenológico constitui um probl<strong>em</strong>a epist<strong>em</strong>ológico, já que, para ele, tal leitor só<br />

existe quando concretiza a obra, uma vez que, pelos menos para a Estética de<br />

Jauss, não ocorre uma simples concretização <strong>da</strong> obra, mas s<strong>em</strong>pre a transmutação<br />

do que era apenas linguag<strong>em</strong> <strong>em</strong> test<strong>em</strong>unhos de mundos vividos pelos leitores.<br />

Além disso, é mais importante frisarmos a vocação humanista <strong>da</strong> Teoria <strong>da</strong><br />

Recepção, já que a noção de <strong>em</strong>ancipação do leitor de Jauss não é de caráter<br />

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