a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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originárias, e autenticamente, quando a cultivamos, a investigamos e a<br />
conservamos.<br />
Fica evidente, portanto, que Ga<strong>da</strong>mer adota o paradigma mítico, ou seja, o <strong>da</strong><br />
saga-tradição-historici<strong>da</strong>de, contudo, s<strong>em</strong> desconsiderar, a seu modo, uma<br />
alternativa crítica, herdeira <strong>da</strong> Äufklärung, que <strong>em</strong> na<strong>da</strong> l<strong>em</strong>bra o discurso<br />
metodológico do Positivismo. A pretensão <strong>hermenêutica</strong> de Ga<strong>da</strong>mer é colocar e<br />
responder a uma pergunta ontológica, isto é, “como é possível compreender?”,<br />
questionamento que ele busca responder sob uma viseira romântica-crítica e<br />
fenomenológica. Fiel a Heidegger, Ga<strong>da</strong>mer dirige sua Hermenêutica para a práxis<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, mais precisamente para a experiência concreta do intérprete, situa<strong>da</strong><br />
historicamente, com as obras, portadoras <strong>da</strong> tradição que ativam o diálogo com o<br />
presente.<br />
Abre-se, a partir dessa ontologia, uma <strong>hermenêutica</strong> sensível à “ver<strong>da</strong>de”<br />
possível, ou melhor, a um “devir <strong>em</strong> suspenso”, pois a compreensão <strong>da</strong> obra, a partir<br />
dessa sensibili<strong>da</strong>de, se faz num continum histórico. Por isso, assevera Ga<strong>da</strong>mer:<br />
Não basta ao hom<strong>em</strong> colocar de modo infalível as últimas<br />
questões; ele necessita também do sentido factível, o possível, o<br />
correto aqui agora. Primeiramente, penso que aquele que filosofa<br />
deve ter consciência <strong>da</strong> tensão entre as suas próprias pretensões<br />
e a reali<strong>da</strong>de na qual se encontra. (GADAMER, 2008, p.26)<br />
A metacrítica desse filósofo faz-nos l<strong>em</strong>brar, grosso modo, o discurso<br />
ontológico com que Heidegger abre o livro Ser e T<strong>em</strong>po. Nele, Heidegger diz que,<br />
<strong>em</strong>bora o conceito de Ser seja obscuro, não nos impede de pôr <strong>em</strong> questão o seu<br />
probl<strong>em</strong>a. Desse modo, ao nos aproximar dessa exposição de Ga<strong>da</strong>mer é invitável<br />
não voltarmos a tal r<strong>em</strong>iniscência. Nesse sentido, não é porque não pod<strong>em</strong>os ter um<br />
conhecimento pleno do Ser <strong>da</strong> obra que não pod<strong>em</strong>os angariar um “esforço”<br />
hermenêutico para compreendê-la.<br />
Segundo ele, o fun<strong>da</strong>mento hermenêutico <strong>da</strong> obra de arte não consiste nas<br />
abstrações <strong>da</strong>s <strong>teoria</strong>s estéticas n<strong>em</strong> no metodologismo, mas nas experiências<br />
concretas com elas. Para operacionalizar essa <strong>nova</strong> inteligência, Ga<strong>da</strong>mer reativa o<br />
círculo hermenêutico heideggeriano, de forma bastante suis generis, a partir do qual<br />
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