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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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passa a cultivar a reflexão sobre a morte e experimenta uma angústia existencial<br />

nadificante, ele poderia transcender a “que<strong>da</strong>” <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana e assumir uma<br />

existência autêntica, isto é, poderia ser livre para poder viver o seu ser mais próprio.<br />

É nessa conotação, portanto, que Heidegger diz que o ser autêntico é um ser-paramorte.<br />

Dessa forma, a dimensão autêntica <strong>da</strong> existência <strong>em</strong> Heidegger está<br />

relaciona<strong>da</strong> a uma “desautomatização” <strong>em</strong> relação à fatici<strong>da</strong>de e à mesquinharia <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> cotidiana. De modo que, se na cotidiani<strong>da</strong>de, as coisas se dão a “conhecer”<br />

pelo seu complexo relacional e funcional, nas experiências autênticas o Ser é<br />

desvelado, justamente quando ele sai desse complexo mediano e conhece um<br />

estado de existência inaugural. Segundo Terry Eagleton:<br />

O modelo de Heidegger para um objeto a ser conhecido é,<br />

significativamente, um instrumento: conhec<strong>em</strong>os o mundo não<br />

através <strong>da</strong> cont<strong>em</strong>plação, mas como um sist<strong>em</strong>a de coisas interrelaciona<strong>da</strong>s<br />

que, como um martelo, estão “à mão”; el<strong>em</strong>entos a<br />

ser<strong>em</strong> usados <strong>em</strong> algum projeto prático. O conhecer está<br />

profun<strong>da</strong>mente relacionado com o fazer. Mas, o outro aspecto<br />

dessa pratici<strong>da</strong>de comum aos homens simples é um misticismo<br />

cont<strong>em</strong>plativo: quando o martelo se quebra, quando deixamos de<br />

contar com ele, sua familiari<strong>da</strong>de é arranca<strong>da</strong> e ele se revela <strong>em</strong><br />

seu autêntico ser. (EAGLETON, 2003, p.88)<br />

Embora Terry Eagleton caracterize a dimensão <strong>da</strong> autentici<strong>da</strong>de <strong>em</strong><br />

Heidegger de mística, não dev<strong>em</strong>os deixar de pontuar que Heidegger vê na vi<strong>da</strong><br />

cotidiana e nas relações públicas um modo de vi<strong>da</strong> inautêntico, no qual as coisas se<br />

banalizam como instrumentos. Os homens perd<strong>em</strong> a sua singulari<strong>da</strong>de e se<br />

encobr<strong>em</strong> no anonimato do <strong>da</strong>s Man (a gente), ou seja, na condição a que a vi<strong>da</strong><br />

cotidiana e pública os <strong>em</strong>purra. À revelia dessa condição de mediani<strong>da</strong>de, o<br />

hom<strong>em</strong>, que compreende existindo, possui uma posição de excelência, ou <strong>em</strong><br />

termos heideggerianos, de transcendência, no que se refere ao acontecer ou à<br />

<strong>em</strong>ersão do sentido do Ser, porque é <strong>em</strong> torno do Dasein que o Ser dos seres se<br />

desvela. Daí a conclusão de Emmanuel Carneiro Leão:<br />

A índole específica desse modo humano (Dasein) de ser reside na<br />

iluminação <strong>da</strong> imanência ao mundo pela luz do Ser, na qual os<br />

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