a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
noção de linguag<strong>em</strong>-diálogo. Essa noção de linguag<strong>em</strong> foi uma <strong>da</strong>s maiores<br />
contribuições <strong>da</strong> Nova Hermenêutica, que, por meio dela, conduziu a Hermenêutica<br />
para a escuta e a <strong>recepção</strong>.<br />
3.3 Ga<strong>da</strong>mer: Celebração <strong>da</strong> Hermenêutica <strong>da</strong> Linguag<strong>em</strong>-Diálogo<br />
A partir <strong>da</strong> revolução <strong>hermenêutica</strong> heideggeriana conquistamos a<br />
consciência de que o hom<strong>em</strong> é um habitante do mundo, condição que o põe diante<br />
de um mundo encarnado, impelindo-o à condição ontológica de compreenderinterpretar.<br />
Desse modo, a imag<strong>em</strong> de hom<strong>em</strong> que a revolução <strong>hermenêutica</strong><br />
<strong>em</strong>preendi<strong>da</strong> por Heidegger legou ao Ocidente foi de um ser finito e situado<br />
historicamente que recolocou a posição do hom<strong>em</strong> na <strong>teoria</strong> do conhecimento, pois,<br />
a partir desses pressupostos, todo saber tornou-se também finito e situado, sendo o<br />
hom<strong>em</strong> incapaz, consequent<strong>em</strong>ente, de colocar a última questão <strong>da</strong>s questões que<br />
envolv<strong>em</strong> o Ser <strong>da</strong>s coisas conheci<strong>da</strong>s. O Ser, portanto, a partir dessa Nova<br />
Hermenêutica, não pode mais ser confundido com uma substância, mas, pelo<br />
contrário, tornou-se um “sendo”, ontologicamente, qualificado pelo t<strong>em</strong>po.<br />
Foi seguindo essas sugestões que o filósofo Hans-Georg Ga<strong>da</strong>mer erigiu a<br />
sua <strong>hermenêutica</strong> na déca<strong>da</strong> de 1960. Esse filósofo al<strong>em</strong>ão, que foi aluno de<br />
Heidegger <strong>em</strong> Marburgo, nos anos 20, continuou a crítica à Hermenêutica<br />
epist<strong>em</strong>ológica inicia<strong>da</strong> pelo seu mestre. Assim como Paul Ricoeur, Ga<strong>da</strong>mer<br />
entendeu como radical a forma como Heidegger havia colocado o probl<strong>em</strong>a <strong>da</strong><br />
ontologia fun<strong>da</strong>mental, na qual o probl<strong>em</strong>a <strong>da</strong> compreensão estava, essencialmente,<br />
amalgamado à factici<strong>da</strong>de e à existência. O próprio título de sua obra fun<strong>da</strong>mental,<br />
Ver<strong>da</strong>de e Método, denuncia a tentativa desse hermeneuta de ultrapassar uma<br />
probl<strong>em</strong>ática instala<strong>da</strong> pelas próprias reflexões <strong>hermenêutica</strong>s, isto é, de superar a<br />
dicotomia entre a ontologia heideggeriana versus o metodologismo de Dilthey.<br />
Norma Cortês, ao comparar o título de Ser e T<strong>em</strong>po com Ver<strong>da</strong>de e Método, conclui<br />
que:<br />
41