12.04.2013 Views

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

estudiosos de educação <strong>da</strong> Era Clássica, acentua<strong>da</strong>mente especulativa, se<br />

impuseram a missão de recuperar o mundo mítico de Homero, através <strong>da</strong><br />

<strong>hermenêutica</strong> de A Ilía<strong>da</strong> e A Odisséia. De acordo com Francisco Marshal, <strong>em</strong><br />

Alegoria de Ninguém:<br />

Situados definitivamente fora do mundo do mito, só pod<strong>em</strong>os<br />

reconstruir nossa relação com este mundo erguendo pontes,<br />

artifícios que super<strong>em</strong> a distância e nos recomuniqu<strong>em</strong> com aquele<br />

universo perdido. Pontes interpretativas, poderíamos dizer, s<strong>em</strong><br />

esquecer que para muitos as pontes não interessam: pod<strong>em</strong> chegar<br />

lá simplesmente aterrando as lacunas, com entulho epist<strong>em</strong>ológico<br />

moderno e cont<strong>em</strong>porâneo. A distância, entretanto, está <strong>da</strong><strong>da</strong>;<br />

sab<strong>em</strong>os que no mundo de Homero e Ulisses vigora outro conjunto<br />

de noções de t<strong>em</strong>po, ver<strong>da</strong>de, espaço, linguag<strong>em</strong>, condição humana<br />

e divina, um mundo com formas de organização e com padrões<br />

comunicativos b<strong>em</strong> diversos dos nossos, presenças e ausências que<br />

nos distingu<strong>em</strong> radicalmente. Diferença no fun<strong>da</strong>mento. Outra<br />

ontologia vigente. Um mundo s<strong>em</strong> escrita e com pouca ci<strong>da</strong>de,<br />

imediatamente afastados de nós, alfabetizados <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

(MARSHAL, 2009, p.19)<br />

Esse <strong>em</strong>preendimento, portanto, de superar a distância histórico-ontológica<br />

que separa o passado do presente foi, niti<strong>da</strong>mente, a maior ambição <strong>da</strong><br />

Hermenêutica desde seus primórdios, o que tornou a história dessa disciplina, ao<br />

longo dos séculos, um test<strong>em</strong>unho vivo desse esforço de superação t<strong>em</strong>poral. Os<br />

pensadores do mundo clássico grego, por ex<strong>em</strong>plo, “alienados” <strong>da</strong> cultura<br />

mn<strong>em</strong>ônica do período Arcaico tiveram que construir “pontes” para trazer de volta à<br />

fala o universo homérico por meio de instrumentalizações e mediações<br />

<strong>hermenêutica</strong>s. Tais procedimentos foram levados a sério pelos sofistas Teágenes<br />

de Régio e Metrodoro de Lâmpsaco, pois eles, de acordo com os seus horizontes de<br />

expectativa, construíram importantes mediações <strong>hermenêutica</strong>s para o acesso à<br />

obra de Homero.<br />

De acordo com Marshal (2009), Teágenes, filósofo do século VI a.C., que<br />

influenciou os sofistas <strong>da</strong> Era Clássica, buscou interpretar as obras de Homero, A<br />

Ilía<strong>da</strong> e A Odisseia, relacionando a economia interna delas, isto é, as suas<br />

narrativas, deuses, mitos e tramas, etc., com os el<strong>em</strong>entos cósmicos, como por<br />

ex<strong>em</strong>plo, ar, éter, etc., já que para o entendimento cosmológico, a fecundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

terra e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> no universo dependiam <strong>da</strong> combinação desses el<strong>em</strong>entos. Fato que<br />

5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!