12.04.2013 Views

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

filosofo polonês, ontologicamente, a obra de arte possui pontos de indeterminações<br />

e aspectos esqu<strong>em</strong>atizados que deveriam ser concretizados pelos leitores, fato que<br />

o levou a conceber o primeiro modelo de leitor fenomenológico dos estudos<br />

literários, isto é, o leitor implícito. Segundo Bordini, a interação texto e leitor nos<br />

estudos do autor de A obra de Arte Literária se dá <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

A concretização depende <strong>da</strong> atmosfera cultural <strong>da</strong>s épocas, tanto<br />

que entende a “vi<strong>da</strong>” <strong>da</strong>s obras como o processo histórico de<br />

concretizações variáveis, cuja identi<strong>da</strong>de é garanti<strong>da</strong> pela<br />

esqu<strong>em</strong>aci<strong>da</strong>de imanente ao texto. (...). É na concretização que se<br />

ating<strong>em</strong> os valores estéticos de uma obra, através <strong>da</strong> atualização<br />

dos aspectos esqu<strong>em</strong>atizados. Ao ler, o leitor preenche os esqu<strong>em</strong>as<br />

aspectuais com detalhes decorrentes de seu acervo perceptivo e de<br />

sua preferência <strong>em</strong> termos de sensibili<strong>da</strong>de. Por isso, a atualização<br />

pode ser pertinente, mas fantasiosa, ou não pertinente, ou ain<strong>da</strong> não<br />

ocorrer. (1990, p.147)<br />

Com essa categoria de leitor implícíto, pelos menos <strong>em</strong> sua versão<br />

ingardiana, a literatura ganha uma justificativa estrutural relativa ao fenômeno <strong>da</strong><br />

“<strong>recepção</strong>” <strong>da</strong> obra de arte, como numa tentativa de afastar o fantasma do<br />

relativismo <strong>da</strong>s interpretações. Fiel aos preceitos husserlianos, Ingarden, <strong>em</strong>bora<br />

assuma que as obras sofr<strong>em</strong> mutabili<strong>da</strong>de, trabalha para revelar o eido (essência)<br />

<strong>da</strong> obra literária, já que ele segue a orientação universalista e idealista de que não<br />

se pode conhecer aquilo que é transitório. Na ver<strong>da</strong>de, o filósofo polonês promove<br />

uma redução fenomenológica <strong>da</strong> obra de arte literária colocando entre parênteses a<br />

história, os desejos, etc. para extrair dessa redução a ontologia <strong>da</strong> obra literária.<br />

Ingarden, por sua vez, atribui aos estratos fônicos e s<strong>em</strong>ânticos <strong>da</strong> obra, assim<br />

como as suas objetuali<strong>da</strong>des, isto é, projeção <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de significação, e aos<br />

aspectos esqu<strong>em</strong>atizados pela obra a condição de fenômenos fenomenológicos que<br />

afetam a consciência do leitor, na qual se processa a significação. Desse modo,<br />

Ingarden relaciona objeto (obra de arte), percepção e cognição para situar o leitor na<br />

economia <strong>da</strong> ontologia literária, porque, nessa <strong>teoria</strong>, é ele qu<strong>em</strong> sintetiza<br />

pensamentos e preenche significações correlaciona<strong>da</strong>s com o seu objeto<br />

intencional.<br />

Nesse sentido, os precursores <strong>da</strong> moderna Teoria <strong>da</strong> Literatura, Warren e<br />

Wellek, entraram <strong>em</strong> consonância com Ingarden ao defender<strong>em</strong> a ideia de que to<strong>da</strong><br />

24

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!