a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
essencialista e regionaliza<strong>da</strong> na consciência do sujeito, já que ele perseguiu ao<br />
longo de seu percurso filosófico uma intuição não mística, mas racional.<br />
A partir do itinerário filosófico de Husserl, evidenciam-se as diferenças que<br />
orientam a busca do sentido nesse filósofo e <strong>em</strong> Heidegger, apesar de eles<br />
convergir<strong>em</strong> <strong>em</strong> vários pontos, como por ex<strong>em</strong>plo, na questão <strong>da</strong> intencionali<strong>da</strong>de,<br />
<strong>da</strong> relação sujeito-objeto e do significado ontológico. Ambos pertenc<strong>em</strong> a famílias<br />
espirituais diferentes, pois enquanto o pai <strong>da</strong> fenomenologia pertence à família dos<br />
pensadores essencialistas, Heidegger se aproxima ca<strong>da</strong> vez mais dos nominalistas<br />
e essa diferença sela pontos de vistas divergentes <strong>em</strong> relação à concepção do que é<br />
e como surge o sentido.<br />
A Fenomenologia de Heidegger se distancia <strong>da</strong> de Husserl na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que<br />
se afasta <strong>da</strong> crença nas reali<strong>da</strong>des universais e essenciais, fato que o aproxima do<br />
nominalismo. Esse pensamento filosófico foi fun<strong>da</strong>do na I<strong>da</strong>de Média, por volta do<br />
século IX, por Roscellinus, que combatia as idéias gerais, os universalia, <strong>em</strong> prol <strong>da</strong>s<br />
coisas <strong>em</strong>píricas. Sérgio Paulo Rouanet, <strong>em</strong> seu ensaio fun<strong>da</strong>dor A coruja e o<br />
sambódromo (2003), a fim de refletir sobre o antiuniversalismo moderno, identifica<br />
no historicismo a mais <strong>nova</strong> versão do antiuniversalismo. Segundo o ensaísta, para<br />
o antiuniversalismo ou historicismo:<br />
O hom<strong>em</strong> é filho do seu século; sua consciência, cognitiva e prática<br />
está inscrita num momento e numa etapa. A partir <strong>da</strong> história, o<br />
antiuniversalista conduz seus três combates: contra o hom<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
geral, abstração a-histórica e portanto vazia; contra o saber<br />
universal, pois to<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de é relativa a uma fase e só é váli<strong>da</strong> se<br />
inseri<strong>da</strong> numa cronologia; e contra a moral universal, pois as normas<br />
de um período só nele val<strong>em</strong>, e não pod<strong>em</strong> ser compara<strong>da</strong>s com as<br />
de outros períodos.(ROUANET, 2003, p.52)<br />
É no contexto deste antiuniversalismo moderno <strong>em</strong> que se insere o<br />
pensamento filosófico de Martin Heidegger, que transformou a t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de num<br />
el<strong>em</strong>ento qualificador do ser, e por isso, a partir dele, a Hermenêutica tornou-se,<br />
simultaneamente, ontológica e histórica. Diferent<strong>em</strong>ente do essencialismo <strong>em</strong> que o<br />
interior <strong>da</strong> mente elabora o uno através <strong>da</strong> “saraban<strong>da</strong> dos fenômenos”, o modo de<br />
ser materialista e sensualista, tão caro a Heidegger, compreende que o conhecer é<br />
“estar imerso <strong>em</strong> um oceano de partículas cintilantes e nele engolfar-se<br />
19