a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
textos literários, foi a exegese bíblica a responsável, ao longo <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média, pelo<br />
desenvolvimento de um sist<strong>em</strong>a interpretativo. 2<br />
Esse fato, constatado por Jouve (2002), dentre outros fatores, foi o<br />
responsável por uma divisão epist<strong>em</strong>ológica entre a Hermenêutica – ca<strong>da</strong> vez mais<br />
relaciona<strong>da</strong> com os probl<strong>em</strong>as teológicos, jurídicos e filosóficos – e os estudos<br />
literários, irmanados com A Poética aristotélica e mais tarde com a Historiografia e a<br />
Psicologia do século XIX. Entretanto, a autonomia do estatuto epist<strong>em</strong>ológico<br />
adquirido tanto pelos Estudos Literários quanto pela Hermenêutica rompeu-se no<br />
momento <strong>em</strong> que estudos mais recentes <strong>da</strong> Teoria Literária elegeram a <strong>recepção</strong>, o<br />
leitor e a leitura como objetos de investigação do fenômeno literário, período que<br />
coincide com a modernização <strong>da</strong> própria Hermenêutica. Dessa maneira a<br />
modernização no campo hermenêutico, consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> pelas reflexões de Martin<br />
Heidegger e Hans-Georg Ga<strong>da</strong>mer, juntamente com o método fenomenológico de<br />
Edmund Husserl, foram os maiores responsáveis por uma mu<strong>da</strong>nça profun<strong>da</strong> nas<br />
noções de compreensão e interpretação que, <strong>em</strong> conseqüência, afetou a <strong>teoria</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>recepção</strong> amplamente discuti<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do século XX.<br />
As mu<strong>da</strong>nças anuncia<strong>da</strong>s pela Hermenêutica do século XX foram<br />
profun<strong>da</strong>mente estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, <strong>em</strong> 1969, por Richard E. Palmer, autor do livro<br />
Hermenêutica. Já nas primeiras páginas <strong>da</strong> obra, o autor estabelece uma discussão<br />
de ord<strong>em</strong> filológica <strong>em</strong> torno do termo <strong>hermenêutica</strong> <strong>em</strong> inglês. De acordo com essa<br />
probl<strong>em</strong>atização, Palmer explica que optou por adotar no título de seu livro o termo<br />
Hermeneutics, com “s”, como é tradicionalmente utilizado <strong>em</strong> inglês – por uma<br />
questão, meramente, pragmática e não filológica –, já que o teólogo americano M.<br />
Robinson, <strong>em</strong> seu livro The New Hermeneutic, chamava a atenção para o fato de<br />
que não havia qualquer justificativa filológica para se usar “s” no nome dessa<br />
disciplina e que a que<strong>da</strong> do “s” <strong>em</strong> tal palavra estaria liga<strong>da</strong> a uma <strong>nova</strong> orientação<br />
<strong>da</strong> <strong>teoria</strong> <strong>hermenêutica</strong>, conheci<strong>da</strong> por Nova Hermenêutica. Palmer (1969) alega, <strong>em</strong><br />
seu livro, que preservou o “s” <strong>da</strong> palavra <strong>em</strong> função <strong>da</strong> eficiência <strong>da</strong> comunicação,<br />
pois, segundo ele, o termo já era desconhecido d<strong>em</strong>ais para lhe acrescentar mais<br />
2 Segundo Jouve, a exegese bíblica distinguia, nos textos sagrados, quatro níveis de sentido: “literal”<br />
(a história conta<strong>da</strong>), “alegórico” (anúncio do Novo Testamento no Antigo), “tropológico” (conteúdo<br />
ético <strong>da</strong> narrativa) e “anagógico” (valor <strong>da</strong> mensag<strong>em</strong> <strong>da</strong> Bíblia para os últimos dias do hom<strong>em</strong>).<br />
(JOUVE, 2002, p. 90).<br />
7