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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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misterioso, consegue adivinhar o seu sentido. Este processo, um<br />

processo de adivinhação, é o processo hermenêutico. É o ver<strong>da</strong>deiro<br />

lugar <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong>. A <strong>hermenêutica</strong> é a arte de ouvir. (PALMER,<br />

p. 93)<br />

Posto isso, Schleiermacher abre as potenciali<strong>da</strong>des do estudo hermenêutico<br />

para o “ouvir” e a “<strong>recepção</strong>” do texto, <strong>em</strong>bora o seu interlocutor ain<strong>da</strong> seja a mente<br />

do autor, fato que o distancia <strong>da</strong> Nova Hermenêutica, já que os estudiosos dessa<br />

vertente, isto é, Heidegger e Ga<strong>da</strong>mer trocaram tal orientação psicologista pelo<br />

poder comunicativo <strong>da</strong> própria linguag<strong>em</strong>. Esse filósofo al<strong>em</strong>ão, tendo por horizonte<br />

a questão <strong>da</strong> compreensão, soube unir a interpretação gramatical <strong>da</strong> obra, que visa<br />

estabelecer a relação entre a parte e todo, ao método divinatório, pautado no acesso<br />

à mente do autor por meio de uma forma imediata, direta e intuitiva.<br />

Consequent<strong>em</strong>ente, a opção desse filósofo por uma compreensão intuitiva,<br />

isto é, imediatamente globalizante, alia<strong>da</strong> à Fenomenologia de Husserl de caráter<br />

mentalista e também intuitivo, favoreceu ca<strong>da</strong> vez mais uma <strong>nova</strong> orientação para<br />

os estudos hermenêuticos, simpática às leis universais do ato de compreender-<br />

interpretar. As ideias desse hermeneuta e teólogo romântico, segundo Paul Ricouer<br />

(1983), legaram às <strong>teoria</strong>s <strong>hermenêutica</strong>s modernas o conceito de<br />

desregionalização, ou seja, a transla<strong>da</strong>ção dos probl<strong>em</strong>as teóricos do compreender<br />

e do interpretar <strong>da</strong>s <strong>hermenêutica</strong>s específicas ou regionais, como por ex<strong>em</strong>plo, a<br />

bíblica e a jurídica, para as questões gerais e universais que envolv<strong>em</strong> a<br />

compreensão e a interpretação. Essa probl<strong>em</strong>ática <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> universali<strong>da</strong>de<br />

proposta pela <strong>teoria</strong> de Schleiermacher abriu, s<strong>em</strong> sombra de dúvi<strong>da</strong>, caminhos para<br />

reflexões ca<strong>da</strong> vez mais profun<strong>da</strong>s sobre os probl<strong>em</strong>as <strong>da</strong> Hermenêutica.<br />

Possibilitou, sobretudo, a transla<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> discussão <strong>hermenêutica</strong> do campo<br />

epist<strong>em</strong>ológico para o ontológico, como fez Heidegger no século XX.<br />

Juntou-se às contribuições <strong>da</strong> <strong>teoria</strong> <strong>da</strong> compreensão de Schleiermacher as<br />

reflexões Dilthey responsáveis por dicotomizar epist<strong>em</strong>ologicamente a explicitação<br />

e a compreensão. Esse filósofo, no século XIX, cindiu a <strong>teoria</strong> do conhecimento <strong>em</strong><br />

dois campos de saber distintos, isto é, entre a Geisteswissenschaften (a ciência do<br />

espírito) e a Naturawissenschaften (a ciência <strong>da</strong> natureza) atribuindo à primeira a<br />

especifici<strong>da</strong>de <strong>hermenêutica</strong> de compreender e à segun<strong>da</strong>, a de explicar. Essa<br />

categorização epist<strong>em</strong>ológica elabora<strong>da</strong> por Dilthey deve ser entendi<strong>da</strong> como um<br />

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