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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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É por meio dessa crítica <strong>da</strong> consciência que se recupera a<br />

intenção heideggeriana de construir uma ontologia, ain<strong>da</strong> que aqui<br />

ela apareça somente como um horizonte. A ontologia está s<strong>em</strong>pre<br />

liga<strong>da</strong> à interpretação: é somente no movimento <strong>da</strong> interpretação<br />

que perceb<strong>em</strong>os o ser interpretado. T<strong>em</strong>os então uma ontologia<br />

quebra<strong>da</strong>. Se aceitarmos a contribuição psicanalítica,<br />

descobrimos o desejo na raiz do sentido e <strong>da</strong> reflexão. Se<br />

aceitarmos a contribuição <strong>da</strong> fenomenologia <strong>da</strong> religião, o sentido<br />

pode estar <strong>da</strong>do pelo futuro, por aquilo que está à frente. Assim,<br />

as mais diversas <strong>hermenêutica</strong>s, ca<strong>da</strong> uma apontará <strong>em</strong> direção<br />

às raízes ontológicas <strong>da</strong> compreensão: esta é a etapa existencial.<br />

Não se trata aqui de uma ontologia triunfante, científica, mas de<br />

uma ontologia basea<strong>da</strong> na interpretação. (FRANCO, 1995, p.84).<br />

Assim, a Hermenêutica do símbolo de Paul Ricoeur inicia-se onde a<br />

Hermenêutica ontológica de Heidegger parou de <strong>da</strong>r respostas, o que leva esse<br />

filósofo a atribuir à “via de curta” de Heidegger o entrave para se desenvolver,<br />

filosoficamente, uma série de probl<strong>em</strong>atizações <strong>hermenêutica</strong>s, sobretudo, aquela<br />

relaciona<strong>da</strong> à diversi<strong>da</strong>de dos métodos de interpretação. Devido a isso, esse<br />

filósofo lê criticamente a <strong>teoria</strong> do autor de Ser e T<strong>em</strong>po, pois, como ele mesmo<br />

eluci<strong>da</strong>:<br />

Porque essa reserva diante <strong>da</strong> Analítica do Dasein? Pelas duas<br />

razões que segu<strong>em</strong>: com a maneira radical de interrogar de<br />

Heidegger, os probl<strong>em</strong>as que puseram <strong>em</strong> movimento nossa<br />

pesquisa, não somente permanec<strong>em</strong> não resolvidos, mas perd<strong>em</strong>se<br />

de vista. Como, perguntávamos, conferir um organon à<br />

exegese, isto é, à inteligência dos textos? Como fun<strong>da</strong>r as<br />

ciências históricas face às ciências <strong>da</strong> natureza? Como arbitrar o<br />

conflito <strong>da</strong>s interpretações rivais? Tais probl<strong>em</strong>as não são levados<br />

<strong>em</strong> conta, propriamente, por uma <strong>hermenêutica</strong> fun<strong>da</strong>mental. E<br />

isso de propósito: esta <strong>hermenêutica</strong> não está destina<strong>da</strong> a<br />

resolvê-los, mas a dissolvê-los. (RICOUER, 1969, p.13).<br />

O filósofo francês, na déca<strong>da</strong> de 1960, constatou que a uni<strong>da</strong>de do falar<br />

humano tornou-se um probl<strong>em</strong>a, impelindo-o a refletir não só sobre o conflito <strong>da</strong>s<br />

interpretações, isto é, <strong>em</strong> relação às suas “pretensões” de “totalitarismo” de umas<br />

sobre as outras, mas também no que se refere aos seus estilos hermenêuticos. Para<br />

ele, a orig<strong>em</strong> do conflito <strong>da</strong>s interpretações residia nos símbolos culturais, já que o<br />

símbolo é multívoco e, por isso, reclama interpretação. O símbolo estruturalmente<br />

apresenta um duplo sentido: um direto (literal-mun<strong>da</strong>no) e outro indireto (secundário-<br />

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