12.04.2013 Views

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

grande questão <strong>da</strong> filosofia do autor de Ser e T<strong>em</strong>po é a compreensão do sentido do<br />

Ser. O filósofo, praticamente, inicia o Ser e T<strong>em</strong>po, fazendo uma denúncia do<br />

estado atual <strong>em</strong> que se encontrava a Metafísica ao afirmar que “ser é o conceito<br />

mais universal e mais vazio” (2009, p. 37). De acordo com tal constatação, ele afirma<br />

que a filosofia entificou o Ser, ou seja, determinou e resumiu o Ser à “estrutura”<br />

material do Ser. Desse modo, o autor de Ser e T<strong>em</strong>po, à revelia dessa tradição,<br />

propõe uma diferença ontológica, pois, para ele o “ente” é tudo aquilo que pode ser<br />

identificado pelo seu gênero e espécie, ou seja, por uma determinação, enquanto<br />

que o Ser é algo indeterminado e obscuro.<br />

To<strong>da</strong>via, para Heidegger, não é porque o sentido do ser é indeterminado que<br />

o questionamento acerca do seu sentido não deve ser probl<strong>em</strong>atizado. Para<br />

Heidegger, o sentido do Ser está relacionado a um desvelamento e<br />

desencobrimento dos seres, que <strong>em</strong> nossa cotidiani<strong>da</strong>de, encontram-se velados e<br />

esquecidos e que pod<strong>em</strong> <strong>em</strong>ergir à “abertura”, ou seja, à compreensão, através do<br />

questionamento do Dasein (aproxima<strong>da</strong>mente, a existência humana) sobre o sentido<br />

do ser.<br />

É nesse sentido, portanto, que, dentre todos os entes, Heidegger afirma ser o<br />

Dasein o único dos entes a se ocupar com o Ser, já que ele é o único que pode pôr<br />

a questão do Ser. Ele entendia o antigo probl<strong>em</strong>a filosófico sobre o Ser como algo<br />

<strong>da</strong> ord<strong>em</strong> <strong>da</strong> dinâmica do “sendo” e nunca <strong>da</strong> estática, do <strong>da</strong>do; para ele, a<br />

t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de é uma dimensão constitutiva do Ser. Para o autor de Ser e T<strong>em</strong>po, a<br />

t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de é uma “zona” <strong>da</strong>s três dimensões básicas do t<strong>em</strong>po, isto é, passado,<br />

presente e futuro, logo, conclui Heidegger que o t<strong>em</strong>po é um “fenômeno unificador<br />

do porvir que atualiza o vigor de ter sido.” (HEIDEGGER, 2009, p. 410). Descoberta<br />

importante que o distancia de Husserl, pois, enquanto o pai <strong>da</strong> fenomenologia<br />

concebe o acesso à ontologia através do t<strong>em</strong>po imanente <strong>da</strong> consciência, Heidegger<br />

toma o t<strong>em</strong>po mun<strong>da</strong>no como fator determinante <strong>em</strong> nossa relação compreensiva<br />

com o Ser. Como l<strong>em</strong>bra Terry Eagleton, na <strong>teoria</strong> de Heidegger: “Nossas relações<br />

com as coisas cortam fatias de t<strong>em</strong>po, arrancando os objetos <strong>da</strong> t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de que<br />

é sua essência e os figurando <strong>em</strong> blocos sincrônicos manipuláveis”. (EAGLETON,<br />

1993, p.210)<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!