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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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quieto como ressonância e sim como uma sonância antecipa<strong>da</strong> e,<br />

assim, antecipar também o seu chamado. (HEIDEGGER, 2003,<br />

p.26)<br />

A partir <strong>da</strong>í, a compreensão de um texto passa a ser um diálogo pensante<br />

com o próprio texto, <strong>em</strong> que precisamos recepcionar a interpelação do Ser. Para o<br />

filósofo, o primordial na vivência <strong>da</strong>s obras de arte não é meramente a extração de<br />

sentido, mas “pastorear” a desocultação e desvelamento que o Ser nos proporciona,<br />

pois:<br />

Se o autor não é o autor a partir de sua vontade e decisão,<br />

também o leitor não é sujeito do ler. O leitor é leitor quando deixa<br />

o logos ser logos, no e como diálogo. O acontecer do logos na<br />

leitura do leitor só acontece quando o leitor faz <strong>da</strong> leitura um<br />

desvelo (como desvelo <strong>da</strong> mãe para com o filho). O desvelo traz<br />

<strong>em</strong> si a obediência <strong>da</strong> fala <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong> obra de arte no<br />

acontecer-poético-apropriante, no acontecer do logos. (CASTRO,<br />

2010, p.22)<br />

Percebe-se, assim, que o probl<strong>em</strong>a <strong>da</strong> existência, <strong>em</strong> Heidegger, migrou <strong>da</strong><br />

analítica <strong>da</strong> factici<strong>da</strong>de do Dasein para o “Ser” <strong>da</strong> obra de arte, levando o autor de A<br />

Orig<strong>em</strong> <strong>da</strong> Obra de Arte a criar o conceito de “mundo <strong>da</strong> obra”. Segundo essa<br />

noção, a obra de arte cria uma reali<strong>da</strong>de, contextualmente autêntica, instaurando, a<br />

partir dela, um lugar de excelência, no qual o “Ser” desvela-se <strong>em</strong> seu Ser mais<br />

autêntico. Convi<strong>da</strong>ndo-nos a participar de uma existência mais autêntica, ou seja,<br />

fazendo-nos “morar na casa <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>.” Essa mora<strong>da</strong> nos leva a uma<br />

experiência na qual o estranhamento provocado por esse “mundo <strong>da</strong> obra” não se<br />

limita à mera questão de fundo e forma, mas, sobretudo, nos conduz a uma lichtung<br />

(abertura), a um saber inaugural que nos desfamiliariza com a vi<strong>da</strong> cotidiana. Daí<br />

compreendermos que a arte para ele t<strong>em</strong> um efeito sobre o recebedor, porque, para<br />

esse filósofo, o leitor e o mundo <strong>da</strong> obra são arrastados para uma contextuali<strong>da</strong>de<br />

inaugural. Para Benedito Nunes (2007), a grande questão <strong>da</strong> arte <strong>em</strong> Heidegger é<br />

um conflito entre a Terra (residência humana) e o mundo (operado pela arte) e,<br />

neste sentido, o segundo deve produzir uma abertura autêntica para o primeiro, <strong>em</strong><br />

outras palavras, a obra de arte t<strong>em</strong> o “poder” de tornar “a Terra mais Terra”, ou,<br />

como diz Heidegger (2010) a obra instala um mundo e elabora a terra.<br />

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