a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
2.2 O Nascimento <strong>da</strong> Teoria <strong>da</strong> Literatura e o Leitor Fenomenológico<br />
Pod<strong>em</strong>os alegar que o nascimento <strong>da</strong> moderna Teoria <strong>da</strong> Literatura esteve<br />
atrelado ao pensamento fenomenológico, assim como às conquistas do Formalismo<br />
Russo e do Círculo Linguístico de Praga. Por isso, paralelamente à crise do método<br />
historiográfico e <strong>da</strong> Crítica Impressionista, a Fenomenologia e a Linguística moderna<br />
ofertaram aos modernos estudos literários um lastro teórico que fugia ao método<br />
causalista <strong>da</strong>s ciências positivas, tão caro ao historicismo, até então heg<strong>em</strong>ônico<br />
nos estudos literários. Não é por acaso, portanto, que esse lastro foi o pilar teórico<br />
do revolucionário livro Teoria <strong>da</strong> Literatura, de René Wellek e Austin Warren, obra<br />
considera<strong>da</strong> o marco histórico de um novo paradigma nos estudos literários.<br />
Em meio à heg<strong>em</strong>onia dos estudos historicistas <strong>da</strong> literatura e do extr<strong>em</strong>o<br />
subjetivismo <strong>da</strong> Crítica Impressionista, o estudioso René Wellek, de formação<br />
formalista e fenomenológica, ao lado de Austin Warren, adepto do New Criticism<br />
Norte Americano, reivindicaram um estudo <strong>da</strong> literatura que levasse <strong>em</strong><br />
consideração a artistici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> obra literária s<strong>em</strong>, no entanto, abrir mão de um<br />
estudo sist<strong>em</strong>ático. Em outras palavras, o grande projeto de Warren e Wellek era<br />
criar para os estudos literários um campo de conhecimento com objetivos e<br />
justificativas próprios. Graças a este propósito, essa obra-marco representou a<br />
reformulação do discurso metodológico nos estudos literários, como vimos, mas<br />
ressaltando uma metodologia <strong>da</strong> interpretação <strong>da</strong> literatura inerente ao próprio<br />
funcionamento <strong>da</strong> obra literária.<br />
Assim, a moderna Teoria <strong>da</strong> Literatura impunha-se a si o desafio de tratar os<br />
probl<strong>em</strong>as imutáveis e mutáveis <strong>da</strong> obra de arte, isto é, a sua dimensão imanente,<br />
assim como sua historici<strong>da</strong>de e valoração. Para alcançar esse fim, Wellek e Warren<br />
aderiram às idéias <strong>da</strong> Fenomenologia, mas, de uma vertente muito particular,<br />
nasci<strong>da</strong> de pontos de divergências e convergências entre Husserl e o filósofo<br />
polonês Roman Ingarden.<br />
Desse modo, Wellek e Warren foram dois dos maiores divulgadores do<br />
trabalho do polonês Roman Ingarden, que aplicou à literatura a Fenomenologia de<br />
Husserl, através do livro A Obra de Arte Literária, publicado na déca<strong>da</strong> de 1930.<br />
21