a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
alternativa de acesso aos sentidos e significações (essência). Essa <strong>nova</strong> forma de<br />
saber, que prometia revelar o sentido <strong>da</strong>s coisas <strong>em</strong> seu âmago, inaugurou uma<br />
<strong>nova</strong> imag<strong>em</strong> <strong>da</strong> promoção dos sentidos, pois esse método não trabalhava com<br />
pressupostos metodológicos, mas através <strong>da</strong> intuição racional, isto é, baseado no<br />
poder que a consciência cognoscitiva e orienta<strong>da</strong> intencionalmente para os objetos<br />
t<strong>em</strong> de doar aos objetos o seu significado mais universal e essencial.<br />
Para completar essas i<strong>nova</strong>ções no campo <strong>da</strong> promoção do sentido, o filósofo<br />
Martin Heidegger, discípulo dissidente de Husserl, soube unir determina<strong>da</strong>s<br />
sugestões do seu antigo mestre à Hermenêutica romântica e à metafísica, levando-o<br />
a construir um caminho “terreno” (existencial) e t<strong>em</strong>poral e não mentalista e<br />
essencialista, como o de Husserl, para a ontologia. Heidegger, na déca<strong>da</strong> de 1920,<br />
lançou o livro Ser e T<strong>em</strong>po, no qual fun<strong>da</strong> a noção de compreensão fun<strong>da</strong>mental,<br />
isto é, que o compreender é inerente à existência. A partir desse momento,<br />
aprend<strong>em</strong>os a relacionar a compreensão à dimensão ontológica, pois para<br />
Heidegger, o Ser estava relacionado à compreensão e ao mundo. Nesse sentido,<br />
Hans-Georg Ga<strong>da</strong>mer, que foi aluno de Heidegger, publicou, na déca<strong>da</strong> de 1960, o<br />
livro Ver<strong>da</strong>de e Método, no qual, <strong>em</strong> cotejo com as suas contribuições pessoais,<br />
dialogou com as idéias de Ser e T<strong>em</strong>po e, sobretudo, com a segun<strong>da</strong> fase do<br />
pensamento de Heidegger. Nesse livro, Ga<strong>da</strong>mer mostra-se fiel à Hermenêutica<br />
romântica e à filosofia de Heidegger no que diz respeito à ênfase na compreensão,<br />
<strong>em</strong>bora ele não dê continui<strong>da</strong>de à noção de compreensão fun<strong>da</strong>mental do autor de<br />
Ser e T<strong>em</strong>po, já que optou por uma espécie de “dialética socrática” como<br />
fun<strong>da</strong>mento hermenêutico.<br />
Desse modo, as reflexões <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> compreensão, <strong>da</strong> existência e <strong>da</strong><br />
Fenomenologia levaram ca<strong>da</strong> vez mais Heidegger e Ga<strong>da</strong>mer a investigar a<br />
ontologia <strong>da</strong> compreensão, tornado-se recorrente, portanto, nas obras desses dois<br />
filósofos al<strong>em</strong>ães, termos como “escuta” e “diálogo”. Devido a isso, a atuação<br />
<strong>hermenêutica</strong> dos autores de Ser e T<strong>em</strong>po e Ver<strong>da</strong>de e Método, pauta<strong>da</strong> na<br />
Fenomenologia e na ontologia, levaram os estudiosos <strong>da</strong> Hermenêutica a se referir à<br />
vertente de pensamento desses dois filósofos como Nova Hermenêutica.<br />
Posto isso, não é difícil de constatar que a Nova Hermenêutica, heideggeriana<br />
e ga<strong>da</strong>meriana, assim como a Fenomenologia de Husserl, ofertaram ao século XX<br />
2