a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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categorias e conceitos estéticos, incita<strong>da</strong>s por Jauss, trouxe à luz <strong>da</strong>s discussões<br />
estéticas <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade do século XX t<strong>em</strong>as delicados como: a identificação<br />
estética, a comunicação artística, prazer estético e o valor <strong>da</strong> obra de arte.<br />
Desse modo, o mentor <strong>da</strong> Estética <strong>da</strong> Recepção, <strong>em</strong> pleno prestígio <strong>da</strong> <strong>teoria</strong><br />
estética <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> artística e <strong>da</strong> difusão <strong>da</strong> cultura de massa, reabilitou noções<br />
estéticas que, <strong>em</strong> parte, iam de encontro à <strong>teoria</strong> estética de Theodor Adorno. Esse<br />
último filósofo instituiu uma <strong>teoria</strong> estética <strong>da</strong> negativi<strong>da</strong>de, na qual os princípios de<br />
autonomia <strong>da</strong> arte, refletivi<strong>da</strong>de estética e transgressão artística e do status quo<br />
foram tomados como indício de “arte autêntica”. Para Adorno, a questão do prazer e<br />
<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de na “experiência artística” moderna estava condiciona<strong>da</strong> à indústria<br />
cultural e a seu poder alienante. Segundo Jauss:<br />
Na Ästhetische Theorie de Adorno, estas funções, como to<strong>da</strong> a<br />
práxis estética <strong>da</strong> arte pré-autônoma, ca<strong>em</strong> numa dialética forma<strong>da</strong><br />
entre afirmação e negativi<strong>da</strong>de: <strong>em</strong> vista de uma práxis funesta, que<br />
ameaça reduzir to<strong>da</strong> experiência estética ao circulo de satisfação <strong>da</strong>s<br />
necessi<strong>da</strong>des manipula<strong>da</strong>s, ao comportamento consumista, apenas<br />
a obra de arte monádica ain<strong>da</strong> t<strong>em</strong> a força de, por efeito de sua<br />
negativi<strong>da</strong>de e pela reflexão de seu cont<strong>em</strong>plador solitário –<br />
cont<strong>em</strong>plador que renuncia a todo prazer estético – de romper com a<br />
aparência do contexto geral de enfeitiçamento. (JAUSS, 2002, p.79).<br />
Daí a polêmica de reabilitar a noção de experiência estética na segun<strong>da</strong><br />
metade do século XX. Primeiramente, porque para Jauss, não era só a<br />
negativati<strong>da</strong>de, isto é, a transgressão às normas literárias, perceptivas e artísticas<br />
que tinham o poder de promover mu<strong>da</strong>nças de horizontes dos leitores e <strong>em</strong>ancipá-<br />
los, já que, para o mentor <strong>da</strong> Estética <strong>da</strong> Recepção, o caráter afirmativo <strong>da</strong> arte, ou<br />
seja, o seu aspecto pré-formador, também o tinha. Na reali<strong>da</strong>de, essa crítica dirigi<strong>da</strong><br />
a Adorno está relaciona<strong>da</strong> à perspectiva diacrônica do projeto <strong>da</strong> História <strong>da</strong><br />
Recepção de Jauss que tinha a consciência de que as artes de vanguar<strong>da</strong> após o<br />
seu período de impacto vão se tornando um horizonte afirmativo para os leitores à<br />
medi<strong>da</strong> que se tornam clássicas e mesmo assim continuam a <strong>em</strong>ancipá-los.<br />
Segundo Miran<strong>da</strong>:<br />
Jauss afirma que o clássico seria, desta forma, o paradigma perfeito<br />
<strong>da</strong> transformação <strong>da</strong> negativi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> função afirmativa: através <strong>da</strong><br />
tradição, a negativi<strong>da</strong>de progressiva transforma-se <strong>em</strong> positivi<strong>da</strong>de<br />
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