a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
eluci<strong>da</strong> o horizonte, extr<strong>em</strong>amente especulativo dos sofistas, pois eles se utilizaram<br />
explicitamente de uma alegoria física para superar a distância histórico-ontológica<br />
que os separava do horizonte de Homero, o que, de certo modo, denuncia as<br />
preocupações “científicas” dos sofistas. Já o filósofo Metrodoro de Lâmpsaco, que<br />
pertenceu ao grupo de Anaxágoras, por sua vez, ocupou-se hermeneuticamente <strong>em</strong><br />
desvelar os sentidos ocultos <strong>da</strong> narrativa de Homero, pois para ele, subjacente ao<br />
sentido dessa narrativa, havia um oculto que o “sábio escolado” teria que interpretar.<br />
Assim como Teágenes de Régio, Metrodoro de Lâmpsaco, através de alegoria física<br />
e fisiológica deu às antigas interpretações religiosas <strong>da</strong>s obras de Homero um cunho<br />
especulativo.<br />
Nesse sentido, os probl<strong>em</strong>as gerais postos pela interpretação não só<br />
inquietaram Teágenes e Metrodoro e os d<strong>em</strong>ais sofistas, mas também o filósofo<br />
Aristóteles que se dedicou a investigar, além dos probl<strong>em</strong>as gerais <strong>da</strong> interpretação,<br />
a ontologia <strong>da</strong> obra de arte literária, através <strong>da</strong> Poética, e o discurso público, por<br />
meio <strong>da</strong> Retórica. Segundo Jouve:<br />
Desde a Antigui<strong>da</strong>de, o ensino, consciente <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des<br />
coloca<strong>da</strong>s pela interpretação dos textos, afirma a necessi<strong>da</strong>de de<br />
se fun<strong>da</strong>mentar num método de leitura. Suas bases lhe são<br />
<strong>da</strong><strong>da</strong>s, <strong>em</strong> primeiro lugar, pelos sofistas, depois, e, sobretudo,<br />
pelas obras de Aristóteles, Retórica e Poética. Efeitos de ritmo,<br />
estilo, figuras, convenções genéricas: todos el<strong>em</strong>entos objetivos<br />
que permit<strong>em</strong> uma análise do texto e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />
entender um sentido essencialmente fugaz. (JOUVE, 2002, p.89).<br />
A esse respeito, as obras A Retórica e A Poética, de Aristóteles, foram<br />
responsáveis por estabilizar a comunicação pública e literária no mundo grego,<br />
através de suas “grades de leitura”, pois, no que se refere, especificamente, ao<br />
âmbito literário, A Poética de Aristóteles pode ser toma<strong>da</strong> como o primeiro conjunto<br />
de normas, arquétipos e convenções artísticas do Ocidente, o que significa dizer,<br />
num vocabulário <strong>da</strong> moderna Teoria <strong>da</strong> Literatura, que ela foi a primeira<br />
racionalização de “um horizonte de expectativa literário”. To<strong>da</strong>via, ain<strong>da</strong> segundo<br />
Jouve (2002), apesar de A Poética ter elaborado uma “grade de leitura” para os<br />
6