a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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golpe na subtilitas explicandi, isto é, na interpretação, pois a sua <strong>teoria</strong> <strong>hermenêutica</strong><br />
verticalizou a tendência <strong>da</strong> <strong>hermenêutica</strong> moderna de privilegiar o momento <strong>da</strong><br />
compreensão. A noção de interpretação que encontramos <strong>em</strong> Ser e T<strong>em</strong>po,<br />
basicamente, é o que encontramos na Hermenêutica romântica, pois, para o arauto<br />
<strong>da</strong> <strong>nova</strong> <strong>hermenêutica</strong>, a interpretação é uma função deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> compreensão,<br />
cabendo a ela explicitar um determinado “entendimento” já aberto por um horizonte<br />
compreensivo. Devido ao fato de a interpretação pertencer à estrutura do ‘como’,<br />
enquanto compreensão à estrutura prévia, uma vez que a interpretação explícita<br />
formaliza uma conjuntura compreensiva aberto pela estrutura prévia. Segundo<br />
Casa<strong>nova</strong> no círculo hermenêutico de Heidegger:<br />
Nenhuma interpretação se movimenta para além de um espaço<br />
previamente aberto pela compreensão. Esse espaço não é um<br />
espaço restrito qualquer, mas aponta muito mais para uma<br />
totali<strong>da</strong>de que determina de maneira integral to<strong>da</strong>s as<br />
possibili<strong>da</strong>des interpretativas subsequentes. A compreensão<br />
realiza, <strong>em</strong> outras palavras, incessant<strong>em</strong>ente o projeto de um<br />
horizonte globalizante, que funciona num campo de sentido<br />
prévio. No interior desse campo, uma série de coisas se mostram<br />
possíveis, outras impossíveis, enquanto outras não chegam n<strong>em</strong><br />
mesmo a vir à tona, segundo a chave do possível e do impossível.<br />
A interpretação atualiza, então, aquilo que a compreensão abre<br />
como possível. A interpretação atualiza, então aquilo que a<br />
compreensão abre como possível e retém por meio disso a<br />
articulação originária com o horizonte compreensivo.(CASANOVA<br />
2010, p.12)<br />
Entretanto, isso não quer dizer que o Dasein seja condenado a ser “escravo”<br />
de sua posição prévia (Vorhabe), de sua visão prévia (Vorsicht) e de sua condição<br />
prévia (Vorbegriff). Na reali<strong>da</strong>de, a função primeira <strong>da</strong> interpretação-compreensiva é<br />
não cegar diante de nossas intuições e de noções populares, mas compreender, de<br />
modo autêntico, aquilo que se interpreta.<br />
De acordo com essa concepção de compreensão, percebe-se que a<br />
Fenomenologia <strong>hermenêutica</strong> de Heidegger, apresenta<strong>da</strong> no livro Ser e T<strong>em</strong>po,<br />
recoloca de forma mais verticaliza<strong>da</strong> as reflexões <strong>da</strong> Hermenêutica romântica, pois<br />
se Schleiermacher propôs o estudo <strong>da</strong> compreensão, Heidegger nos ofertou uma<br />
ontologia <strong>da</strong> compreensão, que se tornou um referencial <strong>da</strong> Nova Hermenêutica.<br />
Segundo Palmer:<br />
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