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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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se concretizar através dessas duas obras, portanto, o telos implícito: “Onde antes<br />

“Id” havia um “Eu” tornar-se.”<br />

Daí o fato desse filósofo enfatizar que a consciência só pode ter acesso a si<br />

através <strong>da</strong> <strong>recepção</strong> dessas obras autênticas <strong>da</strong> cultura, como no caso <strong>da</strong>s Édipo<br />

Rei e Édipo <strong>em</strong> Colono, pois é diante delas que a reflexão, isto é, o “Si” vê-se diante<br />

de uma tarefa e a caminho <strong>da</strong> Bildung (formação). De acordo com isso, declara<br />

Ricouer:<br />

Meu “Si” – se ouso dizer – é recebido <strong>da</strong> opinião de outr<strong>em</strong> que o<br />

consagra. Mas essa constituição dos sujeitos, essa constituição<br />

mútua por opinião, é guia<strong>da</strong> por <strong>nova</strong>s figuras de que pod<strong>em</strong>os dizer,<br />

num sentido novo, que são “objetivos”. N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre a elas<br />

correspond<strong>em</strong> instituições. Não obstante, essas figuras do hom<strong>em</strong><br />

precisam ser procura<strong>da</strong>s nas obras e nos momentos <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong><br />

literatura. É nessa objetivi<strong>da</strong>de de novo tipo que prossegue a<br />

prospecção <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de do hom<strong>em</strong>. Mesmo quando Van Gogh<br />

pinta uma cadeira, ele pinta o hom<strong>em</strong>, projeta uma figura humana, a<br />

saber, o que t<strong>em</strong> este mundo representado. Os test<strong>em</strong>unhos<br />

culturais fornec<strong>em</strong>, assim, a densi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> “coisa” a essas “imagens”<br />

do hom<strong>em</strong>: faz<strong>em</strong>-nos existir<strong>em</strong> entre os homens (entre les hommes)<br />

e entre (parmi) os homens encarnando-as <strong>em</strong> “obras”. É através<br />

dessas obras, pela mediação desses monumentos, que se constitui<br />

uma digni<strong>da</strong>de do hom<strong>em</strong> e uma estima de si. Enfim, é neste nível<br />

que o hom<strong>em</strong> pode alienar-se, degra<strong>da</strong>r-se, tornar-se ridículo,<br />

aniquilar-se. (RICOUER, 1969, p.97)<br />

É, portanto, mediante a interação <strong>da</strong> reflexi<strong>da</strong>de do “Si” com a alteri<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

obra que encontramos um conceito central <strong>da</strong> Hermenêutica filosófica de Ricouer,<br />

oriundo <strong>da</strong>s reflexões <strong>da</strong> Teoria <strong>da</strong> Recepção: a “apropriação”. Esse termo t<strong>em</strong><br />

profun<strong>da</strong> relação com as descobertas <strong>da</strong> Nova Hermenêutica, já ele é a versão<br />

ricoueriana <strong>da</strong> palavra “aplicação”.<br />

Embora Ga<strong>da</strong>mer e Paul Ricouer prestigi<strong>em</strong> o momento <strong>da</strong> <strong>recepção</strong> <strong>da</strong> obra<br />

de arte, o primeiro através <strong>da</strong> “aplicatio” e o segundo pela “apropriação”, eles<br />

discor<strong>da</strong>m quanto à noção de distanciação, isto é, a distância t<strong>em</strong>poral entre o<br />

de refutar a culpabili<strong>da</strong>de antiga, essa infelici<strong>da</strong>de ganha a dimensão do próprio agir, enquanto<br />

suportado de um modo responsável. A peça escalona, sobre esse trajeto <strong>da</strong> resistência, a progressão<br />

<strong>da</strong> infelici<strong>da</strong>de sofri<strong>da</strong> para a infelici<strong>da</strong>de assumi<strong>da</strong>. (2006, p.94)<br />

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